AUTOPERCEPÇÃO E IDENTIDADE LINGUÍSTICA EM COMUNIDADES DE PRÁTICA GAYS EM SALVADOR, BAHIA
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Empatia, Indexicalização, Fala gay, IdentidadeResumo
Este estudo discute a escolha de expressões referenciais empregadas como marcas de referência específica de identidade na fala de homens gays brasileiros. O principal objetivo foi examinar a produção linguística de dois informantes de diferentes regiões socioeconômicas da cidade de Salvador, Bahia. Fez-se necessário considerar o traço empatia (KUNO, 1987) para analisar a fala dos informantes, particularmente com relação à reinterpretação de termos como “bicha”, “viado” e “mona” – tradicionalmente consideradas expressões depreciativas. A análise dos dados baseou-se na observação da filiação dos informantes em suas respectivas comunidades de prática, as quais são inicialmente definidas geograficamente. Observamos, entretanto, que a distribuição geográfica das tradicionais variáveis sociolinguísticas não é suficiente para definir as comunidades de prática observadas. Indexicalização é uma noção essencial uma vez que, fazendo o falante uso de expressões como “bicha” em momentos específicos, ele inaugura um contexto relevante para fixação do termo a um valor semântico. Resultados parciais mostram que o informante da parte mais rica da cidade compõe e participa da comunidade de prática gay desenvolve um senso positivo de pertencimento, e sua identidade é construída através de sua produção linguística. Expressões como “mona”, “viado” e “gay” são ressignificados e funcionam como expressões de referência específica. O informante da parte mais pobre da cidade, por sua vez, desenvolve um sentimento negativo e, linguisticamente, não se sente confortável em articular as construções de sua persona a termos como “viado”.
ABSTRACT: This study discusses the choice of referring expressions employed as specific reference marks of identity in Brazilian gay men speech. The main goal was to examine the linguistic production of two informants from different socio-economic regions of the city of Salvador, Bahia. It was necessary to consider the empathy feature (KUNO, 1987) to analyze the speech of informants, particularly with regard to the reinterpretation of terms such as bicha ‘fag’, viado ‘fagot’ and mona ‘girl’ – traditionally considered derogatory expressions. Data analysis was based on the observation of the membership of the informants in their respective communities of practice, which were initially defined geographically. We observed, however, that the geographical distribution of the traditional variables of Sociolinguistics is not enough to define the observed communities of practice. Indexicalization is an essential notion in that, as the speaker makes use of an expression like ‘bicha’ at specific times, he launches a relevant context for fixing the term to a semantic value. Partial results show that the informant from the richer part of the city composes and participates in the gay community of practice develops a positive sense of belonging, and identity is built through his linguistic production. Expressions such as ‘mona’, ‘viado’ and ‘gay’ are resignified and function as specific referring expressions. The informant from the poorer part of the city, in turn, develops a negative feeling and, linguistically, does not feel comfortable in articulating the construction of his persona to a term such as ‘viado’.
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