“POLONÊS É BONITO, MAS AQUI SE FALA BRASILEIRO” - ATITUDES LINGUÍSTICAS COM RELAÇÃO À LÍNGUA POLONESA E SUA MANUTENÇÃO

"POLISH IS BEAUTIFUL, BUT HERE WE SPEAK BRAZILIAN" - LINGUISTIC ATTITUDES TOWARDS THE POLISH LANGUAGE AND ITS MAINTENANCE

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Autores

DOI:

https://doi.org/10.48211/sociodialeto.v11i32.344

Palavras-chave:

Atitudes linguísticas; Línguas de imigração; Língua polonesa no Brasil.

Resumo

Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa de atitudes linguísticas com relação à língua polonesa e a sua manutenção em uma colônia de polono-descendentes no Paraná. Os objetivos são 1) averiguar como os informantes percebem a língua polonesa padrão e a variedade local e 2) como as suas atitudes se relacionam com variáveis tais como a competência na língua local e os comportamentos referentes à sua manutenção. Os dados analisados nesta pesquisa foram levantados em uma pesquisa sociolinguística anterior, a qual, por meio de conversas semidirigidas com 48 informantes de ascendência polonesa, concluiu a existência de bilinguismo na comunidade sendo que 56% de informantes demonstram um bom domínio da língua polonesa. No entanto, as taxas decrescentes de transmissão da língua de imigração indicam um avançado processo de substituição da língua polonesa na localidade, o que nos levou a um estudo pormenorizado das atitudes linguísticas. Esta pesquisa de atitudes linguísticas (BAKER, 1992; VENDERMEEREN, 2005) constatou a existência de uma possível relação entre, por um lado, as crenças relativas à gramaticalidade da língua e da sua função como depositária de cultura e de origem dos informantes e, por outro lado, seus comportamentos linguísticos, tais como a transmissão da língua para as gerações mais novas.

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Publicado

05-05-2021

Como Citar

Ferreira, A. M. G. (2021). “POLONÊS É BONITO, MAS AQUI SE FALA BRASILEIRO” - ATITUDES LINGUÍSTICAS COM RELAÇÃO À LÍNGUA POLONESA E SUA MANUTENÇÃO: "POLISH IS BEAUTIFUL, BUT HERE WE SPEAK BRAZILIAN" - LINGUISTIC ATTITUDES TOWARDS THE POLISH LANGUAGE AND ITS MAINTENANCE. WEB REVISTA SOCIODIALETO, 11(32), 139–174. https://doi.org/10.48211/sociodialeto.v11i32.344