LÍNGUA ESTRANGEIRA OU LÍNGUA FRANCA? REFLEXÕES TERMINOLÓGICAS SOBRE AS DEFINIÇÕES DE LÍNGUA INGLESA APRESENTADAS POR DOCUMENTOS DE PRESCRIÇÃO

FOREIGN LANGUAGE OR LINGUA FRANCA? TERMINOLOGICAL REFLECTIONS ON THE DEFINITIONS OF ENGLISH LANGUAGE PRESENTED BY PRESCRIPTIVE DOCUMENTS

Visualizações: 651

Autores

DOI:

https://doi.org/10.48211/sociodialeto.v12i35.411

Palavras-chave:

Documentos de prescrição; Conceito de língua; Ensino e aprendizagem de língua inglesa.

Resumo

O presente artigo analisa as definições de língua inglesa presentes nos documentos de prescrição: Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) e Base Nacional Comum Curricular (2017) além de suas implicações para os processos de ensino e aprendizagem de inglês. Com a Lei de Diretrizes e Bases de 1996 (ROSSATO, 2012), instituiu-se a obrigatoriedade do ensino de uma língua estrangeira nos 1º e 2º graus da educação pública brasileira. A definição de língua inglesa presente na LDB de 1996, e ratificada pelos PCN’s (BRASIL,1998), é a de língua estrangeira. Passadas duas décadas, a esse “objeto de ensino” (BRASIL, 1998) foi atribuído o status de língua franca (BRASIL, 2019). A partir da análise de dados empreendida, segundo os pressupostos da Ergonomia e Clínica da Atividade (BUENO, 2007; 2009 e CLOT, 1999), pudemos perceber que cada um dos documentos associados ao agir docente e trabalho prescrito (AMIGUES, 2004; BUENO & MACHADO, 2011) não oferece quaisquer definições terminológicas sobre os conceitos de língua estrangeira e língua franca (SOUTO ET AL., 2014, LEFFA, 2008, FRIEDRICK & MATSUDA, 2010; SEIDLHOFER, 2011; MAURANEN, 2018). Nesta feita, parece-nos lícito aventar que o que é proposto sobre “língua estrangeira” e “língua franca” pelos documentos de prescrição analisados parece não estar teoricamente associado a questões pedagógicas e linguísticas ou tampouco refletir a diversidade social, cultural e econômica do sistema educacional brasileiro.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Joelton Duarte de Santana, UFAPE

Professor Adjunto da Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (UFAPE) e líder do Grupo de Estudos sobre Bilinguismo: Ensino, Aprendizagem, Cognição e Processamento - GESB (CNPQ). Pós-Doutor em Estudos em Linguística Aplicada - Ensino e Aprendizagem de Línguas Estrangeiras - PPgEL - UFRN (2019). Doutor em Linguística - Aquisição de Linguagem e Processamento Linguístico - pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística (PROLING) da Universidade Federal da Paraíba - UFPB (2017), com estágio doutoral (doutorado sanduíche) realizado na City University of New York - CUNY - Queens College em Nova Iorque - EUA (2015). Mestre em Linguística - Linguagem, Cognição e Sentido também pelo PROLING - UFPB (2012). Graduado em Letras - Português e Inglês - pela Universidade de Pernambuco - UPE - Faculdade de Formação de Professores de Nazaré da Mata - FFPNM (2010) - Campus Mata Norte.

Referências

AMIGUES, René. Trabalho do professor e trabalho de ensino. In.: MACHADO, Anna Rachel (org). O ensino como trabalho. São Paulo: EDUEL, 2004, p. 37-53.
ANDRADE, Maria Margarida de. Redação Científica: elaboração do TCC passo a passo. São Paulo: Factash Editora, 2007. 198p.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Língua Estrangeira. Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2017.
BARTOLETO, Galaor. Entenda o que é lingua franca. 02 de janeiro de 2010. Disponível em: <http://www.galaor.com.br/lingua-franca>. Acesso em 03-05-2021.
BRONCKART, Jean Paul.; MACHADO, Anna Rachel. Procedimentos de análise de textos sobre o trabalho educacional. In.: MACHADO, Anna Rachel (Org.). O ensino como trabalho: uma abordagem discursiva. São Paulo: Eduel, 2004, p. 133-163.
BUENO, Luzia. O trabalho como uma forma de agir no ISD. In.: BUENO, Luzia. A construção de representações sobre o trabalho docente: o papel do estágio. São Paulo: EDUC/Fapesp, 2007, caps. 2 e 3.
BUENO, Luzia. A construção de representações sobre o trabalho docente: o papel do estágio. São Paulo: FAPESP, EDUC, 2009.
BUENO, Luzia; MACHADO, Anna. Rachel. A prescrição da produção textual do aluno: orientação para o trabalho de aluno ou restrição do seu agir? SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 15, n. 28, 2011, p. 303-319.
CALVET, L-J. Sociolinguística: uma introdução crítica. São Paulo, Parábola Editorial, 2004. 176 p.
COOK, Vivian. What are the goals of language teaching?. Iranian Journal of Language Teaching Research. Volume 1, Issue 1, Jan., 2013, pp. 44-56, 2013.
CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais. 2ª ed. – Petrópolis: Vozes, 2008. 144 p.
CLOT, Yves. La fonction psychologique du travail. Paris: PUF, 1999. 370 p.
DE JONG, E. Foundations for multilingualism in education: From principles to practice. Chapters 1-2. Philadelphia, PA: Caslon, 2011. 304 p.
DUARTE-DE-SANTANA, Joelton. J. Autorrepresentação do professor de língua inglesa e a elaboração de materiais didáticos: vozes sobre a atividade de um coletivo de trabalho.Revista Prolíngua, João Pessoa, v.10 n.3, 2015, p.35-46.
FERNANDES, C. S. Representações e construção da identidade do professor de inglês. São Paulo: PUC, 2006. 112 p.
FRIEDRICH, Patricia; MATSUDA, Aya. When Five Words Are not Enough: A Conceptual and Terminological Discussion of English as a Lingua Franca. In International Multilingual Research Journal, v.4, n. 1, p. 20-30, 2010.
GERVAI, Solange Maria Sanches. Reflexões sobre o ensino de língua estrangeira na escola pública brasileira. Revista Intercâmbio, v. XXXVII: 184-194, 2018. São Paulo: LAEL/PUCSP.
GROSJEAN, François. Bilingual: Life and Reality. Cambridge, Mass: Harvard University Press, 2010. 276 p.
JENKINS, Jennifer. English as a lingua franca: interpretations and attitudes. World Englishes, Vol. 28, Nº. 2, pp. 200–207, 2009.
LEFFA, Vilson J. Metodologia do ensino de línguas. In BOHN, H. I.; VANDRESEN, P. Tópicos em linguística aplicada: O ensino de línguas estrangeiras. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2008, p. 211-236.
LEFFA, Vilson J.: IRALA, Valesca Brasil. O ensino de outra(s) língua(s) na contemporaneidade: questões conceituais e metodológicas. In: Vilson J. LEFFA; Valesca B. IRALA. (Orgs.). Uma espiadinha na sala de aula: ensinando línguas adicionais no Brasil. Pelotas: Educat, 2014, p. 21-48.
MACHADO, R.; CAMPOS, T. R. e SAUNDERS, M. C. História do ensino de línguas no Brasil: avanços e retrocessos. Revista Helbano, Vol. 01, No. 02. Brasília: UNB, 2007.
MADEIRA, A. “Aquisição de língua não materna”. In FREITAS, M.J & SANTOS, A. L. (Eds.), Aquisição de língua materna e não materna: questões gerais e dados do português, Berlin: Language Science. pp. 306-330, 2017.
MAURANEN, A. Conceptualizing ELF. In: JENKINS, J. et al. (Ed.). The Routledge Handbook of English as a Lingua Franca. London/New York, Routledge, pp. 7-24, 2018.
OLIVEIRA E PAIVA, V. L. M. Aquisição de Segunda Língua. São Paulo: Parábola, 2014. 200 p.
RICHARDS, J., & RODGERS, T. Approaches and Methods in Language Teaching. New York: Cambridge University Press. 3rd edition, 2016. 419 p.
ROSSATO, V. As diferentes metodologias de ensino da língua inglesa em diferentes segmentos de ensino. Revista Eventos Pedagógicos, Vol. 03, No. 01. Sinop: 2012.
SEIDLHOFER, B. Understanding English as a Lingua Franca. Oxford, Oxford University Press, 2011. 240 p.
SOUTO, Mauren V. L.; ALÉM, Alina O.F.G.; BRITO, Marlene S.; BERNARDO, Cláudia. Conceitos de língua estrangeira, língua segunda, língua adicional, língua de herança, língua franca e língua transnacional. Revista Philologus, Ano 20, N° 60 Supl. Rio de Janeiro: CiFEFiL, set./dez.2014.

Downloads

Publicado

16-10-2022

Como Citar

Santana, J. D. de. (2022). LÍNGUA ESTRANGEIRA OU LÍNGUA FRANCA? REFLEXÕES TERMINOLÓGICAS SOBRE AS DEFINIÇÕES DE LÍNGUA INGLESA APRESENTADAS POR DOCUMENTOS DE PRESCRIÇÃO: FOREIGN LANGUAGE OR LINGUA FRANCA? TERMINOLOGICAL REFLECTIONS ON THE DEFINITIONS OF ENGLISH LANGUAGE PRESENTED BY PRESCRIPTIVE DOCUMENTS. WEB REVISTA SOCIODIALETO, 12(35), 1–31. https://doi.org/10.48211/sociodialeto.v12i35.411