PORTOS E ZONAS PORTUÁRIAS URBANAS NO BRASIL: DA POPULAÇÃO TRADICIONAL AOS PROCESSOS DE REVITALIZAÇÃO E GENTRIFICAÇÃO

Visualizações: 752

Autores

Palavras-chave:

Portos; Revitalização; Zonas Portuárias; Gentrificação.

Resumo

O espaço urbano se configura como fragmentado, separado por diferentes usos, possuindo um núcleo central e zonas periféricas. Não é estático, imutável, pois é alterado a cada momento histórico. Em locais onde os portos foram a razão de ser da cidade, não sendo raro no caso brasileiro, essa mutabilidade, engendrada por processos econômicos em escala nacional e internacional, foi responsável pelo abandono e pela consequente degradação de zonas portuárias históricas, possuidora de uma população tradicional caracteristicamente carente. A dinâmica urbana, antes apegada ao porto, numa relação simbiótica, pós 1950, se volta para outras atividades, criando zonas de subuso nas referidas áreas. Desta maneira, este artigo objetiva o entendimento do processo de formação das zonas portuárias brasileiras, do trabalho portuário e de seu processo de reestruturação, que ocasionou perda de relevância e posterior gentrificação. Utilizou-se o método histórico-geográfico, onde se observou a constituição histórica de determinado espaço para a realização de avaliações quanto as formas e funções do presente. Tal reconstituição foi feita através de pesquisa bibliográfica e documental, além de observações in loco. Como resultado, foi possível realizar um diagnóstico da maneira como o processo de gentrificação de áreas portuárias ocorreu e vem ocorrendo no Brasil. Ficou constatado que a privilegiada localização de antigas áreas portuárias em cidades como Belém e Rio de Janeiro despertou o interesse de agentes do capital imobiliário, que, utilizando de sua influência sobre o aparato estatal, promoveram reformas urbanas seletivas e segregantes.

Biografia do Autor

Edson de Morais Machado, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Universidade Federal de Santa Catarina
Membro pesquisador do Laboratório de Estudos Urbanos e Regionais do Departamento de Geociências
Doutor em Geografia Humana pela área de concentração Desenvolvimento Regional e Urbano (DRU) do Programa de pós-graduação em Geografia da UFSC

Fernando Soares de Jesus, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Graduado em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina. Pesquisador do Laboratório de Estudos Urbanos e Regionais (LABEUR/UFSC). Mestrando do Programa de Pós Graduação em Geografia (PPGGEO/UFSC).

Referências

ARAÚJO FILHO, José Ribeiro de Araújo. Santos: O Porto do Café. IBGE. Série A, Biblioteca Geográfica Brasileira, Publicação N°.24. Rio de Janeiro, 1969.

ARAÚJO FILHO, José Ribeiro de Araújo. O Porto de Vitória. IGEOG – Teses e Monografias nº 9. USP: Instituto de Geografia. São Paulo: Ed. Cairu, 1974.

BARAT, Josef. Logística e transporte no processo de globalização: oportunidades para o Brasil. São Paulo: Editora Unesp: IEEI, 2007.

BIRD, James Harold. Seaports and seaports terminals. London: Hutchison. 1971.

BORGES, Jennifer dos Santos. A governança local nas reestruturações de áreas portuárias: uma reflexão sobre o caso de Natal-RN. Dissertação. Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2006.

CÉLÉRIER, Pierre. Les Ports Maritimes. Paris: Presses Universitaires de France, 1962.

CHARDNONNET, Jean. Métropoles Economiques (Vol. 1). Paris: Armand Colin, 1959.

CHARDNONNET, Jean. Métropoles Economiques (Vol. II). Paris: Armand Colin, 1968.

CHOLLEY, André. Observações sobre alguns pontos de vista geográficos. nº 179. Boletim Geográfico: IBGE, Rio de Janeiro: 1964.

COMITÊ POPULAR DA COPA E DAS OLIMPÍADAS DO RIO DE JANEIRO (2012). Megaeventos e violações dos direitos humanos no Rio de Janeiro – Dossiê do Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas do Rio de Janeiro. Disponível em: https://apublica.org/wp-content/uploads/2012/09/dossic3aa-megaeventos-e-violac3a7c3b5es-dos-direitos-humanos-no-rio-de-janeiro.pdf. Acesso em: 15 nov. 2021.

CORREA, Roberto Lobato. Trajetórias Geográficas. Bertrand-Brasil, Rio de Janeiro, 1993.

COUTO, Perla Duarte do. Revitalizações urbanas em espaços públicos: o porto velho da cidade do Rio Grande, tempos e funções distintas. 2014. Dissertação – Programa de Pós-Graduação em Geografia. Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, RS.

FERREIRA, Vítor Matias et al. Lisboa, a metrópole e o rio. Lisboa: Bizâncio, 1997.

FISCHER, André. Les ports maritimes: essai de classification. Information Geographique, 1963, n.3, p. 105 – 114.

GEORGE, Pierre. Geografia Econômica. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961.

GUELL, José Fernandez. Planificaión Estratégica de Ciudades. Barcelona: G. Gili. 1997.

HARVEY, David. A condição pós-moderna. São Paulo. Edições Loyola, 1992.

IMF. International Monetary Fund. 2016. World Economic Outlook. Cap. 2, IMF, Out. Disponível em:

https://www.imf.org/en/Publications/WEO/Issues/2016/12/31/SubduedDemand-Symptoms-and-Remedies. Acesso em 20 de dezembro de 2021.

LEVINSON, Marc. A caixa: Como os contentores tornaram o mundo mais pequeno e desenvolveram a economia mundial. Lisboa: Actual Editora, 2009.

LLOVERA, Joan Alemany. Por um desenvolvimento sustentável da cidade portuária. In: COCCO, G & SILVA, G: Cidades e Portos. Os espaços da globalização. Rio de Janeiro, DP&A Editora, 1999, p. 209-216.

MAGALHÃES, José Cezar. Estudo Geográfico dos Portos e de suas Hinterlândias. Revista Brasileira de Geografia. Ano 31, n. 2. Fundação IBGE: 1969, p. 40-65.

MAMIGONIAN, Armen. O Nordeste e o Sudeste da divisão regional do Brasil. Anais de Geografia Econômica e Social, Florianópolis - SC, v. 1, n. 1, p.49-70, 1 abr. 2009. Anual.

MAMIGONIAN, Armen. Navegações e Portos no Brasil e no Mundo. Cadernos Geográficos (UFSC), Florianópolis, nº37, 2017.

MONIÉ, Frédéric (Org.). Dossiê Portos, cidades e regiões. Confins – Revista FrancoBrasileira de Geografia. Núm. 15. 2012. Disponível em: https://journals.openedition.org/confins/7560. Acesso em: 10 jan. 2022.

MONTEIRO, Circe Maria Gama. Revitalização, habitação em áreas históricas e a questão da gentrificação. In: ZANCHETTI, Silvio (org.) Gestão do Patrimônio Cultural Integrado. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2002. p. 287-90.

NASCIMENTO, Bruno Pereira Dogu. Gentrificação na Zona Portuária do Rio de Janeiro: Deslocamentos Habitacionais e Hiper Precificação da Terra Urbana. Caderno Prudentino de Geografia, Presidente Prudente, v.1, n.41, p. 45-64, 2019.

PERPILLOU, Aimé. Géographie de la circulacion: la navigation et le transports maritimes. Paris: CDU, 1964.

RANGEL, Ignácio Mourão. Obras reunidas. Rio de Janeiro: contraponto, 2005. 1 v.

RECIFE (2002). Porto do Recife – Complexo Integrado Comercial, Hoteleiro, de Convenções e Exposições. Projeto Básico - Termo de Referência. Prefeitura do Recife. Recuperado em 27 maio, 2012, de http://www.portodorecife.pe.gov.br/doc/REVAP.pdf

RIO DE JANEIRO. (2009). Operação urbana Porto Maravilha. Rio de Janeiro: Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.portomaravilha.com.br/web/esq/imprensa/pdf/05.pdf. Acesso em: 10 jan. 2022

SALES, Pedro Manuel Rivaben. Santos: a relação entre porto e a cidade e sua (re)valorização no território macrometropolitano de São Paulo. 1999. Tese - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo-USP, São Paulo.

SANTOS, Milton. A urbanização desigual. Petrópolis: vozes, 1980.

SANTOS, Milton. Espaço e sociedade: ensaios. Petrópolis: Vozes, 1982.

SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. São Paulo: Hucitec, 1993.

SANTOS, Milton. Por uma Geografia nova. São Paulo: Hucitec, 5ª edição, 1996.

SANTOS, Milton. Técnica, Espaço, Tempo: globalização e meio técnico-científico informacional. São Paulo: Hucitec, 1997.

SANTOS, Milton; SILVEIRA, María Laura. O Brasil: Território e sociedade no início do século XXI. 17. ed. Rio de Janeiro: Record, 2013. 476 p.

SASSEN, Saskia. As cidades na economia mundial. São Paulo: Studio Nobel, 1998.

SCHIFFER, Sueli Ramos. A conservação urbana e a superação da pobreza. In: ZANCHETI, Silvio Mendes (Org.). Gestão do patrimônio cultural integrado. UFPE: Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano. Recife. Ed. Universitaria, 2002.

SILVA, Gerardo; COCCO, Giuseppe (orgs.). Cidades e portos: os espaços da globalização. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

SILVA, Jakson Silva da; PEIXOTO, Rodrigo Corrêa Diniz. Gentrificação e resistência popular nas feiras e portos públicos da Estrada Nova em Belém (PA). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Belém, v. 10, n. 3, p. 681-697, out./dez. 2015.

SILVEIRA, Márcio Rogério da. FELIPE JÚNIOR, Nelson Fernandes. Circulação, transporte e logística no Brasil. Florianópolis: Editora Insular, 2019.

SCHUMPETER, Josehp Alois. Business cycles: a theoretical, historical, and statistical analysis of the capitalist process. New York Toronto London: McGraw-Hill Book Company, 1939, 461p.

TAVARES, Amada Gama; KIYOTANI, Ilana Barreto. Repercussões turísticas e sociais da revitalização de áreas portuárias - a Estação das Docas em Bélem/PA. Revista de Turismo Contemporâneo. o – RTC, Natal, v. 1, n. 1, p.18-37, jul./dez. 2013.

VIGARIÉ, André. Ports de commerce et vie littorale. Paris: Hachette, 492 p., 1979.

VIGARIÉ, André. Evolution et avenir des zones industrielles et portuaires. In: L’information géographique. Paris, vol. 44 nº 4, 1980, p. 145-153.

VIGARIÉ, André. La mer et la geostratégie des nations. Paris: Édition Economica,1995.

Downloads

Publicado

2022-04-19

Como Citar

Machado, E. de M., & Soares de Jesus, F. (2022). PORTOS E ZONAS PORTUÁRIAS URBANAS NO BRASIL: DA POPULAÇÃO TRADICIONAL AOS PROCESSOS DE REVITALIZAÇÃO E GENTRIFICAÇÃO. GEOFRONTER, 8. Recuperado de https://periodicosonline.uems.br/index.php/GEOF/article/view/6903

Edição

Seção

Artigos