Os contadores populares e a arte de narrar: identidade, subjetividades e memórias imbricadas
Visualizações: 722Palavras-chave:
Contadores populares, Narrativas, Subjetividade, Identidade, Memória.Resumo
O artigo em tela é resultado de pesquisa cujo objeto de estudo foram os contadores de história da cidade de Tapiramutá (BA), e teve como objetivo central apresentar o imbricamento entre o fundamento da memorização, o jogo entre memória, narrativa e identidade, que forjam aspectos subjetivos da identidade pessoal dos contadores. Além disso delineamos aspectos relacionados à identidade cultural que lhes atravessam enquanto elo de similitudes cartografadas pelas narrativas orais. A pesquisa de campo teve como escolha metodológica a cartografia dos 17 contadores/as de história, filtrarmos a produção da subjetividade num desafio de construir conhecimento entre pesquisadores e pesquisados, cujos territórios e semióticas singulares se fizeram eclodir nos dados de campo. As questões relativas ao protagonismo e performance dos participantes e o traçado de um plano comum, garantindo o caráter participativo da pesquisa, se fizeram concretos no contexto do método da cartografia, apontando que os narradores populares são detentores de uma técnica altamente sofisticada, aprendida oralmente no seio da própria família ou em corporações de cantadores. Como resultados foram pinçados ainda, aspectos das identidades dos contadores, suas performances e sentidos dela advindos, traçando ainda elementos das singularidades dos contadores. Os resultados apontam também que a pesquisa engajada e implicada resulta numa ação de intervenção que busca alterar a realidade pesquisada e com ela contribuir de modo significativo como horizonte de expectativa.
Referências
ALVAREZ, J.; PASSOS, E. Cartografar é habitar um território existencial. In:
PASSOS, E.; KASTRUP, V.; ESCÓSSIA, L. da (Org.). Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2009. p. 131-149.
BARBIER, René. Sobre o Imaginário. Em Aberto. Brasília: v. 14, n. 61, p. 15-23, jan/mar, 1994.
_________. A escuta sensível na abordagem transversal. In: BARBOSA, Joaquim (Coord.). Multirreferencialidade nas ciências e na educação. São Carlos: Editora da UFSCar, 1998, P. 168-99.
BOSI, Ecléa. Memória e sociedade. 17 ed. São Paulo: Companhia das letras. 2012.
BUTTIMER, Anna. Aprendendo o dinamismo do mundo vivido. In: CHRISTOFOLLETI, Antônio. Perspectiva da geografia. São Paulo: Difel, 1982.
CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. Tradução: Klauss Brandini Gerhardt. São Paulo: Paz e Terra. 1999.
CIAMPA, A.C. Identidade. In: W. Codo & S. T. M Lane (Orgs.). Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense.1984.
DE CERTEAU, M. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis, RJ.: Vozes, 2002.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Tradução de Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
_______. Educação como prática da liberdade. 27. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003
_______. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. 3. ed. São Paulo:Centauro, 2008.
HABERMAS, Jurgen. Técnica e ciências como “ideologia”. Lisboa: Edições 70. 1996.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução Tomaz Tadeu da Silva, Guaracira Lopes Louro. Editora DP&A. São Paulo, 2003.
KASTRUP, V. O funcionamento da atenção no trabalho do cartógrafo. In: PASSOS, E.; KASTRUP, V.; ESCÓSSIA, L. da (Org.). Pistas do método da cartografia: pesquisa- intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2009. p. 32-51.
KASTRUP, V. Quando a visão não é o sentido maior: algumas questões políticas envolvendo cegos e videntes. In: LIMA, E. A.; FERREIRA NETO, J. L.; ARAGON, L. E. (Org.). Subjetividade contemporânea: desafios teóricos e metodológicos. Curitiba: CRV, 2010. p. 95-114.
LEAL, José Carlos. A natureza do conto popular. Rio de Janeiro: Conquista. 1985.
LIMA, E. A.; FERREIRA NETO, J. L.; ARAGON, L. E. (Org.). Subjetividade contemporânea: desafios teóricos e metodológicos. Curitiba: CRV, 2010. p. 95-114.
MATOS, G. A palavra do contador de histórias: sua dimensão educativa na contemporaneidade. São Paulo: Martins Fontes, 2013.
MEIRELES, Cecília. Problemas da literatura infantil. São Paulo: Summus, 1979.
MORIN, Edgar. Complexidade e transdisciplinaridade: a reforma da universidade e do ensino fundamental. Natal, EDUFRN, 1999.
ONG, W. J. Oralidade e cultura escrita: a tecnologização da palavra. Campinas: Papirus, 1998.
ROLO, Márcio; RAMOS, Marise. Conhecimento. p. 149-156. In. CALDART, Roseli Salete (Org.) Dicionário da Educação do Campo. Expressão Popular. Rio de Janeiro. São Paulo. 2012.
SISTO, Celso. Textos e pretextos sobre a arte de contar histórias. Belo Horizonte. Editora: Aletria, 2012.
SIMONSEN, Michele. O conto popular. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
THOMPSON, A. A maneira certa de fazer história oral?”. In: FERREIRA, M. et al. História oral: desafios para o século XXI. Rio de Janeiro: FGV, 2000. p. 48-56.
WOLF, Mauro. Teorias das comunicações de massa. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
WITTGENSTEIN, L. Investigações filosóficas. Tradução: José Carlos Bruni. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1999 (Coleção Os Pensadores: Wittgenstein).
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E EXCLUSIVIDADE E CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original e não foi submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou na íntegra. Declaro, ainda, que após publicado pela REVELL, ele jamais será submetido a outro periódico. Também tenho ciência que a submissão dos originais à REVELL - Revista de Estudos Literários da UEMS implica transferência dos direitos autorais da publicação digital. A não observância desse compromisso submeterá o infrator a sanções e penas previstas na Lei de Proteção de Direitos Autorais (nº 9610, de 19/02/98).