A Revista Branca, setenta anos depois: fundamentos, colaboradores e repercursões
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Revista BrancaAbstract
m 1948, um grupo de jovens escritores, arregimentado por José Saldanha da Gama Coelho Pinto, ou Saldanha Coelho, formulou as bases de uma nova publicação editorial no Brasil. A Revista Branca, nome cunhado por sugestão do amigo Edvaldo Coutinho, guardava em sua idealização uma homenagem ao escritor francês Marcel Proust, cuja morte completaria vinte e cinco anos em 1949, através de La Revue Blanche (1889-1903), concebida pelos irmãos Alexander, Thaddeus e Louis-Alfred Natanson. No contexto francófono, além de Proust, podemos citar as colaborações frequentes de André Gide e Mallarmé, para ficarmos em mais dois nomes vinculados ao movimento dos Natanson. No Brasil, a proposta ganhou o tom destemido e criativo de seus articuladores. Os feitos de Coelho, na direção da revista, fizeram com que publicação dominasse o campo literário na década de 1950. A exemplo de La Revue Blanche, a organização durou pouco mais de dez anos. Quando pensamos em algumas investidas da realização brasileira, vislumbramos melhor esse alcance. Em pouco mais de uma década, a Revista Branca publicou volumes de poesia, conto, romance, teatro, ensaio, crítica, história literária, filosofia e biografia. No período, apontamos como marcos a Antologia de contos de escritores novos do Brasil, 1948; a Proustiana brasileira, 1950; um número especial em homenagem a Joaquim Nabuco, conduzido por Gilberto Freyre, 1950; o Manifesto do Humanismo Universitário, 1951; e o especial Modernismo: estudos críticos, 1954. O grupo foi responsável, ainda, pela publicação de diversas traduções poéticas realizadas por Augusto Meyer e Carlos Drummond de Andrade, além da divulgação de obras de Jack London, Willa Carter, Sherwood Anderson e John Steinbeck. De John Dewey, por exemplo, lançou em português Liberdade e Cultura, 1953. Sem restringir as abordagens teóricas das propostas, além dos tópicos envolvidos diretamente com a manutenção da Revista Branca – tais como aspectos ligados à obra literária de Saldanha Coelho, notadamente a prosa, ao que incluiríamos seus volumes de contos, romances e ensaios – receberemos trabalhos que abordarem movimentações intelectuais, artísticas, literárias, estéticas e políticas de seus fundadores, como Bráulio do Nascimento, Rocha Filho, Augusto Franco, Nataniel Dantas, Renard Perez e Fausto Cunha, ou colaboradores mais assíduos e entusiasmados como Santa Rosa, Orval e Illen Kerr (ilustradores), além dos escritores que possuíram colaboração rotineira com o periódico, a exemplo de Bruno Acioly, Haroldo Bruno, Cornélio Pena, Lúcio Cardoso, Linnêo Séllos, Samuel Rawet, Lygia Fagundes Teles, Raimundo Dantas, entre tantos outros que estrearam na revista ou que, durante muitos anos de suas carreiras, reconheceram nesse meio uma oportunidade para divulgar as suas produções entre pares e leitores em potencial. No ano em que a Revista Brancacomemora setenta anos de lançamento, o dossiê figura como convite aos pesquisadores que desenvolvem trabalhos sobre a publicação, sobre os seus fundadores e ou colaboradores. Muitos desses estudiosos poderão ser instados a pensar seus objetos de pesquisa no âmbito da revista-editora e mesmo das ligações intelectuais com Saldanha Coelho, nome que carece de leitura, não apenas do público acadêmico, o que também ocorre com muitos dos escritores envolvidos na iniciativa, alguns deles já listados aquiDownloads
Published
2019-01-15
How to Cite
Benatti, A. R., Gonçalves, L. de J., & de Moraes, R. S. (2019). A Revista Branca, setenta anos depois: fundamentos, colaboradores e repercursões. LANGUAGE, EDUCATION AND MEMORY JOURNAL, 15(15), 06–10. Retrieved from https://periodicosonline.uems.br/index.php/WRLEM/article/view/3302
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Section
Apresentação/Editorial