Paulo Freire e a educação indígena na América Latina: práxis possíveis
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educação libertadora, educação intercultural, história da educação, colonialidadeResumo
Diálogo, comunhão, amorosidade, respeito e outros atributos humanizadores referenciam Paulo Freire para o mundo, não o circunscrevendo a um método, mas o materializando em uma atitude filosófica e política substancial para a história da educação e para a práxis educativa intercultural. Objetivou-se compreender a maneira como Paulo Freire influencia as reflexões e ações educativas direcionadas aos indígenas da América Latina. A pesquisa associou uma revisão sistemática à análise de conteúdo guiada pelo software Iramuteq. Coletaram-se os dados das bases Web of Science, Scopus e SciELO Citation Index. Das 85 publicações localizadas, elegeram-se 22 artigos, indexados de 2003 a 2022. A maioria (n=14) abordou a conjuntura brasileira, mas México, Colômbia, Costa Rica, Cuba e República Dominicana foram contemplados. Sintetizaram-se as evidências em quatro categorias: interculturalidade dos princípios epistemológicos freireanos; aplicabilidade dos construtos de Paulo Freire na educação indígena; valorização dos conhecimentos indígenas; e formação superior para a atenção à saúde indígena. Conclui-se que Paulo Freire embasa ações promotoras da educação indígena não restritiva à escolarização, sedimentando a práxis intercultural. Os estudos denunciam a persistência de reverberações coloniais contra os povos indígenas, sendo urgente, portanto, fortalecer as iniciativas centradas na educação libertadora.
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