O local de quem?

(im)pertinências curriculares no processo implementacionista da Base Nacional Comum Curricular

Autores

DOI:

https://doi.org/10.61389/inter.v16i47.9999

Palavras-chave:

Hegemonia Burguesa, Base Nacional Comum Curricular, BNCC, Proposta curricular, Paraíba

Resumo

O artigo analisa os desdobramentos implementadores da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) impulsionada, a partir do golpe de 2016, no processo de intensificação da lógica neoliberal e reprodução do pensamento hegemônico burguês através da imposição curricular.  Busca-se investigar como o currículo local é apresentado no currículo do território paraibano e a forma como os diferentes sistemas locais se articulam frente ao  currículo nacional (BNCC) e estadual (Proposta Curricular da Paraíba). Para tanto, a metodologia adotada foi a abordagem qualitativa, bem como a pesquisa bibliográfica e análise  documental. Os resultados revelam que, a maioria dos municípios paraibanos, aderiram formalmente à BNCC, o que nos coloca no processo de indagação sobre o que fica para o “local” quando os tempos curriculares foram divididos em porcentagem: 60% nacional e 40% local?  Esse movimento aponta para a reprodução da lógica hegemônica burguesa na educação, com a padronização dos conhecimentos e o enfraquecimento da autonomia local, limitando a construção de currículos historicamente contextualizados, potenciais à construção de contra-hegemonias. O artigo reforça a necessidade de resgatar a dimensão democrática e autônoma da educação e sua função social na emancipação dos sujeitos, encarados como históricos e necessariamente críticos que produzem currículos em contextos culturais específicos.

Biografia do Autor

Maria Vitória Oliveira dos Santos, Universidade Federal de Campina Grande

Mestranda em Educação pelo Programa de Pós Graduação em Educação, da Universidade Federal de Campina Grande (PPGEd/UFCG), Bolsista financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES), Pedagoga pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), integrante do Grupo de Pesquisa em Políticas Curriculares de Formação Docente (Mandacaru). Atualmente, pesquisando o processo de implementação da Proposta Curricular Paraibana.

Ângela Cristina Alves Albino, Universidade Federal de Campina Grande

Professora Associada da Universidade Federal da Paraíba - UFPB. Professora do Programa de Pós Graduação em Educação - PPGED/UFCG. Líder do Grupo de Pesquisas em Políticas Curriculares de Formação Docente - MANDACARU. Doutora em Educação, na linha de Políticas Educacionais (UFPB). Diretora Estadual da Associação Nacional de Políticas e Administração da Educação - ANPAE/PB. Tem doutorado e mestrado em Educação, na linha de Políticas Educacionais pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) (2010) e Mestrado Interdisciplinar em Ciências Da Sociedade, pela Universidade Estadual da Paraíba (2006). Especialista em Formação do Educador (UEPB). Graduada em Pedagogia com trajetória profissional docente e de Supervisão Educacional na Educação Básica.

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Publicado

18-12-2025

Como Citar

Santos, M. V. O. dos, & Albino, Ângela C. A. (2025). O local de quem? : (im)pertinências curriculares no processo implementacionista da Base Nacional Comum Curricular. INTERFACES DA EDUCAÇÃO, 16(47). https://doi.org/10.61389/inter.v16i47.9999

Edição

Seção

Dossiê: Implicações das políticas curriculares em âmbito nacional e internacional