Violência, arte e resistência em Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo
Visualizações: 1307Keywords:
Conceição Evaristo, Ponciá Vicêncio, Violência, Arte, Resistência.Abstract
A obra ficcional de Conceição Evaristo aborda diversos aspectos da violência, destacando especialmente o racismo, o machismo e a desigualdade social. Além disso, a autora sugere que a arte literária, que está intimamente associada à elaboração da memória coletiva, oferece uma possibilidade de revisão crítica da história da diáspora africana e da formação da sociedade brasileira a partir do ponto de vista das populações afrodescendentes. Neste artigo, considerando esses temas, propomos uma análise do romance Ponciá Vicêncio (2018), observando que as expressões artísticas – o canto e a cerâmica – são apresentadas no enredo como formas de resistência à violência. Demonstramos também que a própria produção artística da escritora – a literatura – se posiciona de maneira engajada na luta contra a discriminação e a opressão, manifestadas até mesmo no cânone literário tradicional. A partir de considerações teóricas de Marilena Chaui (2017), Eduardo de Assis Duarte (2013) e Paul Gilroy (2012), entre outros, esta análise conduz à constatação de que o romance selecionado associa a arte literária à elaboração da memória do passado violento e à luta pela justiça social.References
BORGES, Jorge Luis. Ficções. Tradução de Carlos Nejar. 3. ed. São Paulo: Globo, 2001.
CHAUI, Marilena. Sobre a violência. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
DALCASTAGNÈ, Regina. Literatura brasileira contemporânea: um território contestado. Vinhedo: Horizonte, 2012.
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. Tradução de Heci Regina Candiani. São Paulo: Boitempo, 2016.
DIONÍSIO, Dejair. Ancestralidade Bantu na Literatura Afro-brasileira: reflexões sobre o romance “Ponciá Vicêncio”, de Conceição Evaristo. Belo Horizonte: Nandyala, 2013.
DUARTE, Eduardo de Assis. Notas sobre literatura brasileira afro-descendente. In: SCARPELLI, Marli Fantine; DUARTE, Eduardo de Assis. Poéticas da diversidade. Belo Horizonte: UFMG/FALE, 2002.
DUARTE, Eduardo de Assis. O Bildungsroman afro-brasileiro de Conceição Evaristo. Estudos Feministas, v.14 n.1, p. 305-308. Florianópolis: UFSC, 2006. Disponível em https://bit.ly/2xQF9tE. Acessado em 27/03/2020.
DUARTE, Eduardo de Assis. Mulheres marcadas: literatura, gênero, etnicidade. Terra roxa e outras terras: revista de estudos literários. Vol. 17-A, p. 06-18. Londrina: 2009. Disponível em https://bit.ly/2V759c3. Acessado em 01/04/2020.
DUARTE, Eduardo de Assis. Por um conceito de literatura afro-brasileira. Terceira Margem, n. 23, p. 113-138. Rio de Janeiro: UFRJ, 2010. Disponível em https://bit.ly/2xQu6kj. Acessado em 01/04/2020.
DUARTE, Eduardo de Assis. O negro na literatura brasileira. Navegações: revista de cultura e literaturas de língua portuguesa, v. 6, n. 2, p. 146-153. Porto Alegre: PUCRS, 2013. Disponível em https://bit.ly/3e2A69V. Acessado em 17/12/2019.
EVARISTO, Conceição. Insubmissas lágrimas de mulheres. 2. ed. Rio de Janeiro: Malê, 2016.
EVARISTO, Conceição. Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas; Biblioteca Nacional, 2016b.
EVARISTO, Conceição. Becos da memória. 3. ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2017.
EVARISTO, Conceição. Histórias de leves enganos e parecenças. 3. ed. Rio de Janeiro: Malê, 2017b.
EVARISTO, Conceição. Poemas de recordação e outros movimentos. 3. ed. Rio de Janeiro: Malê, 2017c.
EVARISTO, Conceição. Ponciá Vicêncio. 3. ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2018.
GILROY, Paul. O Atlântico negro: modernidade e dupla consciência. Trad. de Cid Knipel Moreira. 2. ed. São Paulo: 34; Rio de Janeiro: Universidade Candido Mendes, 2012.
GINZBURG, Jaime. Crítica em tempos de violência. 2. ed. São Paulo: Edusp; Fapesp, 2017.
GONÇALVES, Ana Maria. Um defeito de cor. 17. ed. Rio de Janeiro: Record, 2018.
JESUS, Carolina Maria de. Diário de Bitita. São Paulo: SESI, 2014.
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 10. ed. São Paulo: Ática, 2014b.
MACHADO, Bárbara Araújo. “Escre(vivência)”: a trajetória de Conceição Evaristo. História Oral, v. 17, n. 1, p. 243-265. Rio de Janeiro: ABHO, 2014. Disponível em https://bit.ly/2URmMOt. Acessado em 31/03/2020.
MIRANDA, Fernanda Rodrigues de. Silêncios prescritos: estudos de romances de autoras negras brasileiras. Rio de Janeiro: Malê, 2019.
MORRISON, Toni. O olho mais azul. Tradução de Manoel Paulo Ferreira. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
NASCIMENTO, Jorge Luiz do. Violência policial, racismo e resistência: notas a partir da MPB. Contexto: Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras, v. 1, p. 193-218. Vitória: Ufes, 2019. Disponível em https://bit.ly/2UOeXsE. Acessado em 06/04/2020.
RACIONAIS MC’s. Sobrevivendo no inferno. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
SANTOS, Mirian Cristina dos. Intelectuais negras: prosa negro-brasileira contemporânea. Rio de Janeiro: Malê, 2018.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Sobre o autoritarismo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
SELIGMANN-SILVA, Márcio. Reflexões sobre a memória, a história e o esquecimento. In: História, memória, literatura: o testemunho na Era das Catástrofes. Campinas: Unicamp, 2003.
SILVA, Denise Almeida. Espaço, memória e agência em Ponciá Vicêncio. Antares: Letras e Humanidades, vol.3, nº 6, p. 161-174. Caxias do Sul: UCS, 2011. Disponível em https://bit.ly/39UsZ0k. Acessado em 29/03/2020.
STOLL, Daniela Schrickte. Três formas de segregação urbana e racial em Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo. Estudos de literatura brasileira contemporânea, n. 58, p. 1-11. Brasília: UnB, 2019. Disponível em https://bit.ly/3bZtTK2. Acessado em 03/04/2020.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E EXCLUSIVIDADE E CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original e não foi submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou na íntegra. Declaro, ainda, que após publicado pela REVELL, ele jamais será submetido a outro periódico. Também tenho ciência que a submissão dos originais à REVELL - Revista de Estudos Literários da UEMS implica transferência dos direitos autorais da publicação digital. A não observância desse compromisso submeterá o infrator a sanções e penas previstas na Lei de Proteção de Direitos Autorais (nº 9610, de 19/02/98).