As doenças e os corpos dos escravizados doentes falam em A menina Morta, romance de Cornélio Penna

Visualizações: 619

Autores/as

Palabras clave:

Doença, Corpos doentes, A menina morta, Cornélio Penna.

Resumen

Este artigo busca analisar a loucura como metáfora e os corpos dos escravizados doentes na obra A menina morta (1954), romance de Cornélio Penna. Na narrativa, os doentes escravizados e o canto dos “alienados” põem à luz os mecanismos de dominação e as interdições a que estão sujeitos os moradores do Grotão. Os corpos e a linguagem cifrada dos negros são formas de comunicação frente o processo de silenciamento imposto pelo Comendador às pessoas que residem em sua fazenda. Além disso, os males são elementos capazes de aumentar a atmosfera de mistério e de tensão da história. Utiliza-se dos estudos das moléstias feitos por Hegenberg (1998), por Sontag (2007) e por Foucault (2016a, 2016b, 2017) para aclarar o passado das enfermidades e suas possíveis interpretações. Os teóricos possibilitam-nos ver as camadas de significações sedimentadas em nossa cultura – os medos, os preconceitos, a curiosidade e o fascínio, por exemplo – que existem na experiência de estar adoentado no Ocidente, e, assim, entender que os corpos e as vozes dos oprimidos podem ser vistos/ouvidos a partir da compreensão das enfermidades e suas metáforas.

Biografía del autor/a

Antônio Batalha, Universidade Federal de Sergipe

Mestrando em Estudos Literários pelo Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da Universidade Federal de Sergipe.

Josalba Fabiana dos Santos, Universidade Federal de Sergipe.

Professora da Graduação em Letras e do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Sergipe.

Citas

ALBERGARIA, Maria Consuelo de Pádua. O espaço da loucura em Minas Gerais: análise da ficção de Cornélio Pena. Tese (Doutorado em Letras) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1982.

CHAUI, Marilena. Sobre a violência. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.

FOUCAULT, Michel. A grande estrangeira: sobre literatura. Trad. Fernando Scheibe. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016a.

FOUCAULT, Michel. O belo perigo. Trad. Fernando Scheibe. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016b.

FOUCAULT, Michel. A História da loucura: na Idade Clássica. Trad. José Teixeira Coelho. 11. ed. São Paulo: Perspectiva, 2017.

HEGENBERG, Leonidas. Doença: um estudo filosófico. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 1998.

LIMA, Luiz Costa. A perversão do trapezista: o romance em Cornélio Penna. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

LOBO, Lilia Ferreira. Os infames da história: pobres, escravos e deficientes no Brasil. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008.

MIRANDA, Wander Melo. A menina morta: a cena muda. O Eixo e a Roda: Revista de Literatura Brasileira. v. 1, p. 69-76, 1983. Disponível: http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/o_eixo_ea_roda/article/view/4134/3995. Acesso em 02 out. 2019.

PENNA, Cornélio. A menina morta. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1970.

SANTOS, Josalba Fabiana dos. Nação: civilização e barbárie. Revista Brasileira de Literatura Comparada. v. 9, n. 11, p. 77- 103, 2007. Disponível: http://revista.abralic.org.br/index.php/revista/article/view/170/173. Acesso em 02 out. 2019.

SANTOS, Josalba Fabiana dos. O Romance Gótico e a Obra de Cornélio Penna. In: Congresso Internacional Abralic. 2008, São Paulo. Anais do XI Congresso Internacional da Abralic. São Paulo: USP, 2008. Disponível: http://www.abralic.org.br/eventos/cong2008/AnaisOnline/simposios/pdf/077/JOSALBA_SANTOS.pdf. Acesso em 02 out. 2019.

SHLAFMAN, Léo. Do outro lado da Fronteira. In: PENNA, Cornélio. Fronteira. Rio de Janeiro: Artium, 2001. p. 11-18.

SONTAG, Susan. Doença como metáfora; aids e suas metáforas. Trad. Rubens Figueiredo e Paulo Henrique Britto. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

Publicado

2021-01-21

Cómo citar

BATALHA, Antônio; SANTOS, Josalba Fabiana dos. As doenças e os corpos dos escravizados doentes falam em A menina Morta, romance de Cornélio Penna. REVELL - REVISTA DE ESTUDIOS LITERARIOS DA UEMS, [S. l.], v. 2, n. 25, p. 49–64, 2021. Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/4868. Acesso em: 22 nov. 2024.