Já existem textos demais: autoria em tempos de cópia
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Autoria, Escrita não criativa, internet, Kenneth GoldsmithRésumé
RESUMO: Este artigo propõe refletir sobre a questão da autoria a partir de novas práticas literárias resultantes do diálogo entre a internet e a literatura. Tomando como mote o estudo feito pela crítica Flora Süssekind (1987) sobre as afetações entre a literatura e as mudanças tecnoindustriais nos primórdios de nosso modernismo, observamos que práticas correlatas à era digital surgiram a partir de meados do século passado, e parecem acompanhar as produções artísticas do presente: qual programadores que lidam com programas em fonte aberta, como o Linux, artistas propunham diminuir o fosso com não artistas através de trabalhos colaborativos, bem como passaram a expor o trajeto de suas composições à audiência (LADDAGA, 2012, 2013). Além disso, hoje, a aproximação entre a internet e parte da literatura também se dá a partir de um ato corriqueiro da Rede, o copie e cole, inspiração da noção de “escrita não criativa”, que prevê o uso da cópia de materiais já existentes apostando no gesto em detrimento do produto final (GOLDSMITH, 2015). Isso implica repensar questões como originalidade e “gênio original” (PERLOFF, 2013), uma vez que o reaproveitamento de materiais enseja obras frágeis, inacabadas, e dão uma volta no parafuso da questão da autoria. Para testar nossa hipótese, comentaremos algumas obras literárias, como O romance luminoso, de Mario Levrero (2018), Day (2003), Traffic (2007) e Trânsito (2016), de Kenneth Goldsmith (essa última dublada por Leonardo Gandolfi e Marília Garcia), Sessão (2017), de Roy David Frankel, e o documentário It’s a hard truth ain’t, de Madeleine Sackler (2018).
Références
AZEVEDO, Luciene. Tradição e apropriação: El hacedor (de Borges), Remake, de Fernández Mallo. In: AZEVEDO, Luciene; CAPAVERDE, Tatiana da Silva. Escrita não criativa e autoria – Curadoria nas práticas literárias do século XXI. e-galaxia, 2018. E-book. Não paginado.
AZEVEDO, Luciene; MOLINA, Cristian; VIDAL, Paloma. Autoria na cultura do presente: apresentação. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Brasília, n. 55, set/dez, 2018. Não paginado. Disponível: http://periodicos.unb.br/index.php/estudos/article/view/15621/15708. Acessado em: 13/07/2019
BARTHES, Roland. O rumor da língua. Trad. Mário Laranjeira. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004, p. 57-64 (Col. Roland Barthes).
COSTA, Cristina. Ficção, comunicação e mídias. Coord. Benjamin A. Júnior et. al. São Paulo: Ed. Senac São Paulo, 2002.
FOUCAULT, Michel. O que é um autor? In: FOUCAULT, Michel. Estética: literatura e pintura, música e cinema. Org. Manoel B. da Motta. Trad. Inês Autran Dourado. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001, p. 264-298.
FRANKEL, Roy David. Quem sou eu, o autor? Considerações sobre autoralidade como alteridade na poesia brasileira contemporânea. In: AZEVEDO, Luciene; CAPAVERDE, Tatiana da Silva. Escrita não criativa e autoria – Curadoria nas práticas literárias do século XXI. e-galaxia, 2018. E-book. Não paginado.
FRANKEL, Roy David. Sessão. São Paulo: Luna Parque, 2017. Disponível: http://www.lunaparque.com.br/single-post/2017/10/18/Download-gratuito-do-livro-Sess%C3%A3o-de-Roy-David-Frankel. Acessado em: 27/06/2019.
GANDOLFI, Leonardo; GARCIA, Marília. Sobre a dublagem de Trânsito (depoimento). In: AZEVEDO, Luciene; CAPAVERDE, Tatiana da Silva. Escrita não criativa e autoria – Curadoria nas práticas literárias do século XXI. e-galaxia, 2018. E-book. Não paginado.
GOLDSMITH, Kenneth. Day. 2003. Disponível: https://monoskop.org/images/3/3c/Goldsmith_Kenneth_Day_2003.pdf. Acessado em: 10/07/2019.
GOLDSMITH, Kenneth. Escritura no-creativa. Gestionando el lenguaje en la era
digital. Trad. Alan Page. Buenos Aires: Caja Negra Editora, 2015.
GOLDSMITH, Kenneth. Traffic. 2007. Disponível: http://eclipsearchive.org/projects/TRAFFIC/text.html. Acessado em: 12/06/2019.
GOLDSMITH, Kenneth. Trânsito. Dublado por Leonardo Gandolfi e Marília Garcia. São Paulo: Luna Parque, 2016.
IT’S A HARD truth ain’t it. Direção: Madeleine Sackler. Produção: Madeleine Sackler e Stacey Reiss. Pendleton: HBO Films, 2018, 74 min.
KANT, Immanuel. Crítica da faculdade do juízo. [1790]. Não paginado. Disponível: http://www.filosofia.com.br/figuras/livros_inteiros/179.txt. Acessado em: 04/07/2019.
LADDAGA, Reinaldo. Estética de laboratório: Estratégias das artes do presente. Trad. Magda Lopes. 1. ed. São Paulo: Martins Fontes – selo Martins, 2013.
LADDAGA, Reinaldo. Estética da emergência: A formação de outra cultura das artes. Trad. Magda Lopes. São Paulo: Martins Fontes – selo Martins, 2012.
LEVRERO, Mario. O romance luminoso. Trad. Antônio Xerxenesky. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
PERLOFF, Marjorie. O gênio não original: poesia por outros meios no novo século. Trad. Adriano Scandolara. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2013.
SANTAELLA, Lúcia. Para compreender a ciberliteratura. In: Texto digital, v. 8, n. 2, p. 229-240, jul./dez., 2012.
SÜSSEKIND, Flora. Cinematógrafo de letras - literatura, técnica e modernização no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras. 1987.
ZANINI, Walter. vanguardas, desmaterialização, tecnologias na arte. Org. Eduardo de Jesus. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2018.
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