De Agustina a Saramago ou a Arte de Transgredir os Clássicos

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Mots-clés :

Agustina, Saramago, Clássicos da Literatura, Intertextualidade

Résumé

Neste pequeno ensaio, tentei refletir sobre a presença dos clássicos na literatura portuguesa contemporânea, escolhendo dois grandes nomes da nossa modernidade romanesca: Agustina e Saramago. Embora os processos utilizados sejam dissemelhantes, a verdade é que não é muito difícil encontrar a matriz comum e não deixa de ser aliciante detetar a subtileza de inserção ou a clareza da afirmação. Se Saramago é completamente explícito, Agustina, embora o sendo também, encontra modos mais complexos de significar o eterno retorno dos fantasmas, não já individuais como em outros romances e em inúmeras obras de outros autores, mas coletivos, isto é, as constantes relações estabelecidas prendem-se com uma estratégia bem definida de explicação do presente, recorrendo a uma ironia e a uma paródia acutilantes, dissimuladas sob a capa da mais elementar explanação. Atores de um mundo em transformação, as personagens de Ordens Menores são identificadas com as figuras de um outro tempo, máscara e simulacro do atual; em A Caverna não há uma relação tão evidente entre as atitudes, gestos e decisões dos protagonistas, há sim a apresentação de um universo que acentua hiperbolicamente as características de um presente destruidor das capacidades de iniciativa e de afirmação individuais.

Biographie de l'auteur

Maria de Fátima Marinho, Universidade do Porto

Doutora em Literatura Portuguesa pela Universidade do Porto – Portugal. Professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade do Porto – Portgual. 

Références

BESSA-LUÍS, Agustina. Ordens Menores. Lisboa: Guimarães Editores, 1992.

Bíblia, compilado e redigido por Frank Charles Thompson. Tradução de João Ferreira de Almeida. São Paulo: Editora Vida, 2007.

HOMERO. Odisseia, tradução de Frederico Lourenço. Lisboa: Livros Cotovia, 2003.

LOPES, Graça Videira, edição de. Cantigas de Escárneo e Maldizer dos Trovadores e Jograis Galego-Portugueses. Lisboa: Editorial Estampa, 2002.

MARINHO, Maria de Fátima. O Romance Histórico em Portugal. Porto: Campo das Letras, 1999.

PLATÃO. Obras Completas, tradução de D. Patricio de Ázcárate. Buenos Aires: Ediciones Anaconda, 4 Volumes, 1946.

PLATÃO. Oeuvres Complètes – Tome I – Introduction, Hippias Mineur, Alcibiade, Apologie de Socrate, Euthyphron, Criton. Paris : Société d’Édition «Les Belles Lettres», edição bilingue, 1949.

PLATÃO. Êutifron, Apologia de Sócrates, Críton, prefácio, tradução e notas de M. Oliveira Pulquério. Lisboa: Editorial Verbo, Livros RTP, 1972.

PLATÃO. Cármides, introdução, versão do grego e notas de Francisco de Oliveira. Coimbra: Instituto Nacional de Investigação Científica, Centro de Estudos Clássicos e Humanistas da Universidade de Coimbra, 1981.

PLATÃO. Êutifron, Apologia de Sócrates, Críton, tradução, introdução e notas de José Trindade dos Santos. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, Estudos Gerais, Série Universitária, Clássicos de Filosofia, 1985.

PLATÃO. A República, tradução e notas de Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.

SARAMAGO, José. A Caverna. Lisboa: Caminho, 2000.

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Publiée

2020-12-04

Comment citer

MARINHO, Maria de Fátima. De Agustina a Saramago ou a Arte de Transgredir os Clássicos. REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS, [S. l.], v. 3, n. 26, p. 69–84, 2020. Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/4056. Acesso em: 22 nov. 2024.