Labirinto intertextual: uma análise da paródia hipertextual To be or not to be (2015), de Ryan North
Visualizações: 34624Mots-clés :
gêneros literários, romance visual, intertextualidade, paródia, reescritaRésumé
Este trabalho traz uma análise sobre a paródia hipertextual To be or not to be, de Ryan North (2015), que carrega características de um romance visual e também de um livro-jogo e que foi elaborada a partir de elementos da peça Hamlet, de William Shakespeare. Assim, para o desenvolvimento desta pesquisa, nos baseamos principalmente nos conceitos de intertextualidade e de paródia de Genette (2010) e de Hutcheon (1989). Genette traz a ideia de intertextualidade como um nível importante de transcendência textual. Também trata de gêneros textuais criados a partir dessa troca de influências e referências presentes nos textos, como a paródia: um gênero que se caracteriza por questionar narrativas literárias anteriores e propor discussões, muitas vezes baseadas na diferença e no humor. Hutcheon (1989) defende a paródia como gênero literário embutido de valor estético, ideológico e cultural. Os resultados desta pesquisa nos permitem concluir que To be or not to be oferece ao chamado leitor-interator (MURRAY, 2003) uma experiência de leitura hipertextual onde os possíveis caminhos produzem mensagens, questionamentos e reflexões. Essa narrativa promove uma reescrita em linguagem coloquial, autorreferencial e sarcástica que atualiza a peça Hamlet para um contexto moderno, ao mesmo tempo que produz efeitos críticos e humor – pelo contraste com o estilo de Shakespeare. Assim, o leitor-interator tem a oportunidade de avaliar de que forma suas escolhas afetam o texto e até que ponto ele poderia ser transformado sem se tornar irreconhecível.
Références
ALLEN, Graham. Intertextuality. Londres e Nova Iorque: Routledge, 2006.
AARSETH, Espen J.. Cybertext: Perspectives on Ergodic Literature. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 1997.
BLOOM, Harold. The Western Canon: the books and schools of the ages. Nova Iorque: Harcourt Brace & Company, 1994.
BLOOM, Harold. Hamlet: poema ilimitado. Trad. José Roberto O'Shea. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.
CAMERON, Andrew. Dissimulations: The Illusion of Interactivity. Millennium Film Journal, v. 28, p. 33-47. New York: Millennium Film Workshop 1995. Disponível: http://www.mfj-online.org/journalPages/MFJ28/Dissimulations.html Acessado em 11/06/2019.
CARVALHO, Renata Oliveira. Emo à flor da pele: expressão dos sentimentos na tribo das emoções. Anais do Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste, v. 19, p. 1 - 10. São Paulo: Intercom 2014. Disponível: http://www.portalintercom.org.br/anais/sudeste2014/lista_area_DT06.htm Acessado em 25/12/2019.
FIORIN, José Luiz. Introdução ao pensamento de Bakhtin. São Paulo: Ática, 2011.
GENETTE, Gérard. Palimpsestos: a literatura de segunda mão. Trad. Cibele Braga et al. Belo Horizonte: Edições Viva Voz, 2010.
GENTZLER, Edwin. Translation and Rewriting in the Age of Post-Translation Studies. Londres e Nova Iorque: Routledge, 2017.
GONICK, Marnina. Between "Girl Power" and "Reviving Ophelia": Constituting the Neoliberal Girl Subject. Nwsa Journal, v. 18, n. 2, p.1-23, [s.l.]: The Johns Hopkins University Press 2006. Disponível: https://www.researchgate.net/publication/236808609_Between_Girl_Power_and_Reviving_Ophelia_Constituting_the_Neoliberal_Girl_Subject Acessado em 24 de dez. 2019.
GREENBLATT, Stephen; ABRAMS, M. H. (Eds). The Norton anthology of English literature. 8. ed. New York: W W. Norton & Company, v. 1, 2006.
HUTCHEON, Linda. Uma teoria da paródia: ensinamentos das formas de arte do século XX. Trad. Teresa Louro Pérez. Lisboa: Edições 70, 1989.
ISER, Wolfgang. O ato da leitura: uma teoria do Efeito Estético. Trad. Johannes Kretschmer. São Paulo: Editora 34, 1999.
LEÃO, Lucia. O labirinto da hipermídia: arquitetura e navegação no ciberespaço. São Paulo: Iluminuras, 2001.
MURRAY, Janet H.. Hamlet no holodeck: o futuro da narrativa no ciberespaço. Trad. Elissa Khoury Daher, Marcelo Fernandez Cuzziol. São Paulo: Unesp, 2003.
PRIMO, Alex. Quão interativo é o hipertexto? Da interface potencial à escrita coletiva. Fronteiras: Estudos Midiáticos, v. 5, n. 2, p. 125-142, São Leopoldo: LIMC, Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS 2003. Disponível: http://www.ufrgs.br/limc/pesquisa.html Acessado em 22 de jan. 2020.
SHAKESPEARE, William. Hamlet: príncipe da Dinamarca. In: BLOOM, Harold. Hamlet: poema ilimitado. Trad. Anna Amélia de Queiroz e Carneiro de Mendonça. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.
SILVA, Marcio Renato Pinheiro da. Leitura, texto, intertextualidade, paródia. Acta Scientiarum. Human And Social Sciences, v. 25, n. 2, p.211-220, [s.l.]: Universidade Estadual de Maringa 2003. Disponível: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHumanSocSci/article/view/2172 Acessado em 23 de dez. 2019.
SILVA, Pedro Panhoca da. O livro-jogo e suas séries fundadoras. Assis: Dissertação (Mestrado) - Curso de Letras, Faculdade de Ciências e Letras da Unesp 2019. Disponível: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/180602 Acessado em 24 de dez. 2019.
TIBURI, Márcia. Ofélia morta: do discurso à imagem. Revista Estudos Feministas, v. 18, n. 2, p.301-318, [s.l.]: UFSC 2010. Disponível: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2010000200002 Acessado em 24 de dez. 2019.
TO BE OR NOT TO BE. Jogo digital, virtual, sonorizado, colorido, legendado. Produção de Neil Rennison e Ben Kosmina. Roteiro: Ryan North. Música: audioblock.com. Melbourne: Tin Man Games, 2015.
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E EXCLUSIVIDADE E CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original e não foi submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou na íntegra. Declaro, ainda, que após publicado pela REVELL, ele jamais será submetido a outro periódico. Também tenho ciência que a submissão dos originais à REVELL - Revista de Estudos Literários da UEMS implica transferência dos direitos autorais da publicação digital. A não observância desse compromisso submeterá o infrator a sanções e penas previstas na Lei de Proteção de Direitos Autorais (nº 9610, de 19/02/98).