Meninos negros na literatura infantil e juvenil: corpos ausentes

Visualizações: 1209

Auteurs

Mots-clés :

Meninos negros, Corpo, Literatura infantil e juvenil

Résumé

Invisibilização ou sub-humanização são as principais características dos corpos negros na literatura infantil e juvenil desde seu surgimento. Especialmente os meninos negros tiveram como marca a estereotipia e a vulnerabilidade. Apenas nas últimas décadas é que esse panorama vem, lentamente, se modificado e mesmo assim muito mais propício para a menina negra do que para o menino-personagem. Por isso o interesse do presente artigo é de analisar, em caráter comparativo, esses dois momentos: em que o menino negro tem sua voz e identidade vilipendiadas e, mais recentemente, vem sendo representado de modo mais altivo. No primeiro grupo estão os livros “Dito, o negrinho da flauta”, de Pedro Bloch (1983) e “Manobra Radical”, de Edith Modesto (2003), analisados por meio de categorias adaptadas de Maria Anória J. Oliveira (2003). Já as obras do segundo grupo são: “Chuva de manga”, de James Rumford (2005), “O chamado de Sosu”, de Meshack Asare (2005) e “Panquecas de Mama Panya”, de Mary e Rich Chamberlin (2005), títulos analisados a partir do conceito de “infancialização”. O que se anuncia, neste estudo, é um panorama ainda frágil sobre a representatividade do menino negro na literatura infantil e juvenil disponível no mercado editorial brasileiro.

Bibliographies de l'auteur

Débora Cristina de Araujo, Universidade Federal do Espírito Santo

Doutora em Educação (UFPR), professora de  Educação das Relações Étnico-Raciais na Universidade Federal do Espírito Santo e vinculada aos Programas de Pós-Graduação de Mestrado Profissional em Educação (PPGMPE) e em Educação (PPGE) da UFES.

Geane Teodoro Damasceno, Universidade Federal do Espírito Santo

Mestranda em Educação (UFES), Graduada em Letras Português (UFES), Graduada em Pedagogia (UNINTER) e Pós-graduada em Séries Iniciais e Educação Infantil (MULTIVIX)

Regina Godinho de Alcântara, Universidade Federal do Espírito Santo

Licenciada em Letras - Português. Possui mestrado e doutorado em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo, na Linha Educação e Linguagens. Professora Adjunta do Departamento de Linguagens, Cultura e Educação/ Centro de Educação/Ufes. Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Educação (PPGMPE/Ufes/campus Goiabeiras) e do Programa de Pós-Graduação em Ensino, Educação Básica e Formação de Professores (PPGEEDUC/Ufes/campus Alegre). Coordenadora do Grupo de Pesquisa Cnpq - Estudos e Pesquisas em Processos de Apropriação da Língua Portuguesa - Gepalp. Tem experiência na formação de professores, atuando com temáticas referentes ao ensinoaprendizagem de línguas maternas, estudos linguísticos, didática e metodologia da Língua Portuguesa, Educação Escolar Indígena, Educação do Campo.

Références

ADICHIE. Chimamanda Ngozi. O perigo de uma história única. Tradução de: RODRIGUES, Erika. In: Technology, Entertainment, Design – TED, out./2009. Disponível: https://www.ted.com/talks/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story. Acessado em 16/10/2019.

ASARE, Meshack. O chamado de Sosu. Ilustrações do autor. Tradução de: PRADES, Maria Dolores. São Paulo: Edições SM, 2005. (Cantos do mundo).

BLOCH, Pedro. Dito, o negrinho da flauta. São Paulo: Ed. Moderna, 1983.

CHAMBERLIN, Mary; CHAMBERLIN, Rich. As panquecas de mama Panya. Ilustrações de: CAIRNS, Julia; tradução de: MESQUITA, Cláudia Ribeiro. São Paulo: Edições SM, 2005.

CUTI. Literatura negro-brasileira. São Paulo: Selo Negro, 2010.

DADIE, Gilmara A. G. dos Santos. Personagens negros, protagonistas nos livros da educação infantil: estudo do acervo de uma escola de educação infantil do município de São Paulo. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade de São Paulo, 2013.

DALCASTAGNÈ, Regina. Quando o preconceito se faz silêncio: relações raciais na literatura brasileira contemporânea. Gragoatá, Niterói, n. 24, p. 203-219, 1. sem. 2008. Disponível: https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/33169/19156. Acessado em 28/03/2020.

DEBUS, Eliane. A temática da cultura africana e afro-brasileira na literatura para crianças e jovens: lendo Joel Rufino dos Santos, Rogério Andrade Barbosa, Júlio Emílio Brás, Georgina Martins. Florianópolis: NUP; CED; UFSC, 2017.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.

GOMES, Nilma Lino; LABORNE, Ana Amélia de Paula. Pedagogia da crueldade: racismo e extermínio da juventude negra. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 34, p. 1-26, 2018. Disponível: http://www.scielo.br/pdf/edur/v34/1982-6621-edur-34-e197406.pdf. Acessado em 28/03/2020.

GOUVEA, Maria Cristina Soares. Imagens do Negro na Literatura Infantil Brasileira: análise historiográfica. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 77-89, jan./abr. 2005. Disponível: http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n1/a06v31n1.pdf. Acessado em 20/02/2020.

HAMPATÉ BÂ, Amadou. A tradição viva. In: KI-ZERBO, Joseph (Ed.). História geral da África, I: Metodologia e pré-história da África. 2.ed. rev. Brasília: UNESCO, 2010, p. 167-212.

hooks, bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. Tradução de: CIPOLLA, Marcelo B. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2017.

LIMA, Heloisa Pires de. Personagens negros: um breve perfil na literatura infantojuvenil. In: MUNANGA, Kabengele (Org.). Superando o racismo na escola. 2a. ed. rev. Brasília: MEC/Secadi, 2005, p. 101-115.

MODESTO, Edith. Manobra Radical. 1 ed – São Paulo: Ática, 2003.

NOGUERA, Renato; BARRETO, Marcos. Infancialização, ubuntu e teko porã: elementos gerais para educação e ética afroperspectivistas. Childhood & philosophy, Rio de Janeiro, v. 14, n. 31, p. 625-644, set.-dez. 2018. Disponível: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/childhood/article/view/36200/26377. Acessado em 20/02/2020.

OLIVEIRA, Maria Anória de Jesus. África e diásporas na literatura infantojuvenil no Brasil e em Moçambique. Salvador: EDUNEB, 2014.

OLIVEIRA, Maria Anória de Jesus. Negros personagens nas narrativas infantojuvenis brasileiras: 1979-1989. Dissertação (Mestrado em Educação), Universidade do Estado da Bahia, 2003.

PINHO, Osmundo. Um enigma masculino: Interrogando a masculinidade da desigualdade racial no Brasil. univ.humanist. Bogotá, n. 77, p. 227-250, jun/ 2014 . Disponível: http://www.scielo.org.co/pdf/unih/n77/n77a10.pdf. Acessado em 28/03/2020.

RUMFORD, James. Chuva de manga. Ilustrações do autor. São Paulo: Brinque-Book, 2005.

SOMÉ, Sobonfu. O espírito da intimidade: ensinamentos ancestrais africanos sobre maneiras de se relacionar. 2. ed., São Paulo: Odysseus, 2007.

Téléchargements

Publiée

2021-01-21

Comment citer

ARAUJO, Débora Cristina de; DAMASCENO, Geane Teodoro; ALCÂNTARA, Regina Godinho de. Meninos negros na literatura infantil e juvenil: corpos ausentes. REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS, [S. l.], v. 2, n. 25, p. 284–310, 2021. Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/4732. Acesso em: 22 nov. 2024.