Do Orum ao aiyê: o sagrado feminino em “Omo-oba: histórias de princesas”

Visualizações: 899

Auteurs

  • Kethlyn Costa de Oliveira Universidade Estadual de Ponta Grossa

Mots-clés :

Expressões artísticas afro-brasileiras de autoria feminina, Mulheres, Culturas dos povos originários, Quilombolas e terreiros

Résumé

RESUMO: O seguinte trabalho possui como objetivo compor uma análise sobre os contos trazidos no livro Omo-oba: histórias de princesas, escrito por Kiusam de Oliveira (2017); narrativas que reescrevem com uma linguagem acessível ao mundo infantil os itãs das orixás: Oiá, Oxum, Iemanjá, Olocum, Ajê Xalugá e Oduduá. Estas divindades, nos mitos originais, possuem expoentes representações sobre a força e o sagrado feminino; questões que a autora mantém na enunciação da sua obra, porém as transforma em histórias para infâncias – já que diferente do público adulto, essa faixa etária possui características e necessidades individuais –, fazendo com que a essência da grandeza que trazem as orixás sejam fonte de representatividade às crianças negras e de demais etnias. Por esse caminho, podemos refletir como as personagens que ilustram a escritura contribuem, de maneira diversificada, para a promoção do enaltecimento da diversidade étnico-racial quando dá a voz principal às orixás – negras por excelência – para veicular as narrativas, pois não as coloca numa posição subalterna e estereotipada que remete ao passado escravocrata brasileiro, mas resiste a sua voz em papéis de grande prestígio e magia. A ancestralidade que carrega as histórias enunciadas por Oliveira (2017) derruba os edifícios racistas que foram construídos nos processos sócio históricos, desestabiliza e rompe com os padrões clichês de uma colonização eurocêntrica, pois coloca o corpo negro feminino em destaque, libertando-se do silêncio composicional, existencial e poético que por muito tempo o fora imposto. A linguagem é utilizada como uma arma de representatividade para o emponderamento e resistência da cultura negra, servindo como base desde as primeiras idades.

 

Palavras-chave: Literatura Infantil; Orixás; Sagrado Feminino.

Biographie de l'auteur

Kethlyn Costa de Oliveira, Universidade Estadual de Ponta Grossa

Formação em Licenciatura em Letras Português e Inglês na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

Mestranda na área dos Estudos da Linguagem, subárea Subjetividade, na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

Orientador: Daniel de Oliveira Gomes

Références

BRAGA, Aline de Oliveira. Nosso crespo é de rainha. Revista África e Africanidades – Ano XII – n. 32, nov. 2019 - ISSN 1983-2354.

CARNEIRO, Sueli. “O poder Feminino no Culto dos Orixás”. In: Mulher Negra. Cadernos Geledés – Instituto da Mulher Negra. Caderno IV, nov. 1993.

ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano – tradução Rogério Fernandes. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

HOOKS, bell. O feminismo é pra todo mundo: políticas arrebatadoras – tradução de Ana Luiza Libânio. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2018.

JOVINO, Ione da Silva. “Literatura infanto-juvenil com personagens negros no Brasil”. In: Literatura afro-brasileira¬ – organização Forentina Souza, Maria Nazaré Lima. Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais; Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2006.

LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil brasileira: histórias e histórias. 6 ed. São Paulo: Editora Ática, 2007.

MACHADO, Vanda. “Tradição oral e vida africana e afro-brasileira”. In: Literatura afro-brasileira¬ – organização Forentina Souza, Maria Nazaré Lima. Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais; Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2006.

OLIVEIRA, Kiusam de. Omo-Oba: histórias de princesas – ilustrado por Josias Marinho. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2009.

PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás – ilustrado por Pedro Rafael. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

RIBEIRO, Djamila. Quem tem medo do feminismo negro?. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

SILVEIRA, Marialda Jovita. A educação pelo silêncio. Ilhéus: Editus, 2003.

SODRÉ, Muniz. Pensar nagô. Petrópolis: Vozes, 2017.

VERGER, Pierre Fatumbi. Orixás, s/d. Disponível em: < http://www.pierreverger.org/br/pierre-fatumbi-verger/sua-obra/pesquisas/orixas-verger-e-o-candomble.html>. Acesso em 08 de nov. de 2019.

Téléchargements

Publiée

2020-09-21

Comment citer

COSTA DE OLIVEIRA, Kethlyn. Do Orum ao aiyê: o sagrado feminino em “Omo-oba: histórias de princesas”. REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS, [S. l.], v. 1, n. 24, p. 481–506, 2020. Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/4820. Acesso em: 26 déc. 2024.