A descoberta do frio
testemunho e trauma coletivo do racismo na narrativa de Oswaldo de Camargo
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https://doi.org/10.61389/revell.v3i36.8226Mots-clés :
Literatura brasileira, Literatura negra, Memória, TestemunhoRésumé
Este artigo tem o objetivo de analisar a relação entre testemunho e trauma coletivo do racismo na novela A descoberta do frio (2011 [1979]), de Oswaldo de Camargo, buscando compreender em que medida a violência do empreendimento colonial europeu, marcado pela diáspora forçada, pela escravização em massa e pela invisibilização do Negro são representados como eventos-limite numa literatura em que emerge o Negro não como o outro, aquele de quem se fala, mas na posição de sujeito de sua própria história. A partir de conceitos dos estudos pós-coloniais e de um entrelaçamento entre a noção de testemunho e de história a contrapelo, busco apresentar como a escrita Negra, da qual Oswaldo de Camargo é um dos autores mais influentes, opera um trabalho de escovar a própria literatura a contrapelo, contestando as verdades ditas oficiais propagadas pelos chamados vencedores e denunciando a lógica perversa e violenta da colonização. Pela via da rememoração desses eventos traumáticos, a escrita de Camargo coloca o dedo na ferida e se coloca como representativa da tarefa (re)construção da memória coletiva de Negras e Negros no Brasil, apontando, de maneira incisiva, a verdade incômoda do racismo.
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