Aridez cinematográfica: Ritmo sintático e montagem em Galileia, de Ronaldo Correia de Brito

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Autores

  • Ana Carolina Negrão Berlini de Andrade Professora de Teoria da Literatura na URCA/Missão Velha. Doutora pela UNESP/Araraquara.

Palavras-chave:

Ronaldo Correia de Brito, Galileia, Literatura e Cinema, Aridez

Resumo

RESUMO: Este artigo tem como objetivo discutir a organização sintática do romance Galileia, de Ronaldo Correia de Brito, partindo do pressuposto que essa estabelece um ritmo próprio à obra em questão. Nossa hipótese inicial é que esse “ritmo sintático” também é responsável por instaurar uma homologia estrutural com o cinema, ao mesmo tempo em que remete, semi-simbolicamente, à aridez do ambiente tematizado na obra. Isso porque o ritmo sintático do romance privilegia o uso da pontuação em detrimento dos conectivos, sintático ou semânticos, gerando “cortes” abruptos entre histórias e tempos distintos ou, até mesmo, na concatenação narrativa de uma mesma história. Esses cortes bruscos, secos, criam uma fragmentação textual, cuja organização é realizada por meio de uma “montagem” à maneira cinematográfica, de tal modo que a narrativa é cinematográfica porque seca. Como aporte teórico, utilizaremos as reflexões de Brik (in TOLEDO, 1976), Bosi (1977) e Fiorin (2003) para refletirmos sobre a função das relações sintáticas no estabelecimento de um ritmo árido.  Já o conceito de semi-simbolismo será explicado e exemplificado a partir das definições de Barros (2010) e, novamente, de Fiorin (2003). Por fim,  recorreremos a Oliveira (1998)e à concepção de montagem de Eisenstein (2002b) para abordarmos as relações intersemióticas entre literatura e cinema.

 

Referências

REFERÊNCIAS

BARROS, Mariana Luz Pessoa. O discurso da memória: Entre o sensível e o inteligível. 2011, 307f. Tese (Doutorado em Semiótica e Linguística) – Universidade de São Paulo, São Paulo.

BOSI, Alfredo. O Ser e o tempo da poesia. São Paulo: Cultrix, 1977.

BRITO, Ronaldo Correia. Galileia. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

CALVINO, Italo. Seis propostas para o próximo milênio: lições americanas. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

EISENSTEIN, Serguei. O sentido do filme. Rio de Janeiro: Zahar, 2002

FIORIN, José Luiz. Três questões sobre a relação entre Expressão e conteúdo. Itinerários, Araraquara, n. especial, 77-89, 2003.

OLIVEIRA, Valdevino Soares de. Literatura: esse cinema com cheiro. São Paulo: Arte e Ciência, 1998.

PAZ, Octavio. O Arco e a lira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.

PAZ, Octavio. Signos em rotação. São Paulo: Perspectiva, 1972.

TOLEDO, Dionísio de Oliveira (Org.). Teoria da literatura: formalistas russos. Porto Alegre: Globo, 1976.

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Publicado

2019-11-14

Como Citar

NEGRÃO BERLINI DE ANDRADE, Ana Carolina. Aridez cinematográfica: Ritmo sintático e montagem em Galileia, de Ronaldo Correia de Brito. REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS, [S. l.], v. 2, n. 22/1, p. 237–259, 2019. Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/3757. Acesso em: 25 nov. 2024.