O Fruto Estranho de Bernardo Kucinski

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DOI:

https://doi.org/10.61389/revell.v1i37.7656

Palavras-chave:

Bernardo Kucinski, Ditadura Civil-Militar Brasileira, Autoficção, Literatura de Testemunho, Romance Brasileiro Contemporâneo

Resumo

Narrar traumas causados pela violência de Estado não é tarefa simples, e a dificuldade é certamente maior em sociedades que não levaram os perpetradores ao banco dos réus. Este é o desafio que Bernardo Kucinski enfrenta ao escrever K., romance em que o conteúdo autobiográfico serve como substância para uma investigação das violações dos direitos humanos cometidos pela ditadura civil-militar brasileira. Lançando mão de ferramentas das teorias da autoficção e da literatura de testemunho, este artigo propõe uma interpretação da forma adotada em K.. Por justapor não apenas vozes diferentes, mas também gêneros de discurso variados, o autor cria uma narrativa que se posiciona deliberadamente entre a ficção e a realidade, resistindo, assim, a uma qualificação específica que paute sua leitura. A hipótese postulada é a de que Kucinski faça uma opção estética que visa endereçar as feridas ainda abertas dos crimes (ainda pendentes de julgamento) do Estado brasileiro.

Biografia do Autor

Fábio Roberto Mariano, Universidade Estadual de Campinas

Mestre em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas – Brasil. Doutorando em em Teoria e História Literária na Universidade Estadual de Campinas – Brasil. ORCID iD: https://orcid.org/0000-0002-0856-2580. E-mail: fabiomprofessor@gmail.com.

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Publicado

2024-08-31

Como Citar

MARIANO, Fábio Roberto. O Fruto Estranho de Bernardo Kucinski. REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS, [S. l.], v. 1, n. 37, p. 265–281, 2024. DOI: 10.61389/revell.v1i37.7656. Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7656. Acesso em: 4 set. 2024.

Edição

Seção

Tema Livre