O Fruto Estranho de Bernardo Kucinski

Visualizações: 68

Autores

DOI:

https://doi.org/10.61389/revell.v1i37.7656

Palavras-chave:

Bernardo Kucinski, Ditadura Civil-Militar Brasileira, Autoficção, Literatura de Testemunho, Romance Brasileiro Contemporâneo

Resumo

Narrar traumas causados pela violência de Estado não é tarefa simples, e a dificuldade é certamente maior em sociedades que não levaram os perpetradores ao banco dos réus. Este é o desafio que Bernardo Kucinski enfrenta ao escrever K., romance em que o conteúdo autobiográfico serve como substância para uma investigação das violações dos direitos humanos cometidos pela ditadura civil-militar brasileira. Lançando mão de ferramentas das teorias da autoficção e da literatura de testemunho, este artigo propõe uma interpretação da forma adotada em K.. Por justapor não apenas vozes diferentes, mas também gêneros de discurso variados, o autor cria uma narrativa que se posiciona deliberadamente entre a ficção e a realidade, resistindo, assim, a uma qualificação específica que paute sua leitura. A hipótese postulada é a de que Kucinski faça uma opção estética que visa endereçar as feridas ainda abertas dos crimes (ainda pendentes de julgamento) do Estado brasileiro.

Biografia do Autor

Fábio Roberto Mariano, Universidade Estadual de Campinas

Mestre em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas – Brasil. Doutorando em em Teoria e História Literária na Universidade Estadual de Campinas – Brasil. ORCID iD: https://orcid.org/0000-0002-0856-2580. E-mail: fabiomprofessor@gmail.com.

Referências

BOURDIEU, Pierre. As regras da arte: gênese e estrutura do campo literário. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

BRASIL. Lei nº 6.683, de 28 de Agosto de 1979. Concede anistia e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6683.htm#:~:text=1%C2%BA%20%C3%89%20concedida%20anistia%20a,de%20funda%C3%A7%C3%B5es%20vinculadas%20ao%20poder>. Acesso em: 28 out. 2022

BRASIL. Lei nº 12.582, de 18 de Novembro de 2011. Cria a Comissão Nacional da Verdade no âmbito da Casa Civil da Presidência da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12528.htm>. Acesso em: 28 out. 2022

DE OLIVEIRA, André. O tripé da ditadura, com tortura, desaparecimento e censura, está preservado no Brasil. El País, 2017. Cultura. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2017/12/21/cultura/1513882871_107676.html>.

GARRAMUÑO, Florencia. Frutos estranhos: sobre a inespecificidade na estética contemporânea. Rio de Janeiro: Rocco, 2014.

GASPARINI, Philippe. Autoficction: une aventure du langage. Paris: Seuil, 2008.

GINZBURG, Jaime. Linguagem e trauma na escrita do testemunho. In: Crítica em tempos de violência. São Paulo: Edusp, 2012.

JAUSS, Hans-Robert. A história da literatura como provocação à teoria literária. São Paulo: Ática, 1994.

KUCINSKI, Bernardo. K: relato de uma busca. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

KLINGER, Diana Irene. Escritas de si, escritas do outro: autoficção e etnografia na narrativa latino-americana contemporânea. 2006. 205 f. Tese (Doutorado em Literaturas de Língua Inglesa; Literatura Brasileira; Literatura Portuguesa; Língua Portuguesa; Ling) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <https://www.bdtd.uerj.br:8443/bitstream/1/6168/1/DIANA%20KLINGER.pdf>. Acesso em: 07 nov. 2022.

MAZUI, Guilherme. G1, 2019. Política. Disponível em: <https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/08/08/bolsonaro-chama-coronel-ustra-de-heroi-nacional.ghtml>. Acesso em: 28 out. 2022

MAZUI, Guilherme e RODRIGUES, Paloma. Em discurso, Bolsonaro defende ditadores militares e deputado dos atos antidemocráticos. G1, 2022. Disponível em: <https://g1.globo.com/politica/noticia/2022/03/31/em-discurso-no-planalto-bolsonaro-defende-ditadores-militares-e-deputado-reu-por-atos-antidemocraticos.ghtml>. Acesso em: 28 out. 2022.

PENNA, João Camillo. Escritos da sobrevivência. Rio de Janeiro: 7Letras/Faperj, 2013.

RADSTONE, Susannah. Cultures of confession/cultures of testimony: turning the subject inside out. In: GILL. Jo. Modern Confessional Writing. Routledge Studies, 2006.

TAVARES, Joelmir. Bolsonaro já defendeu tortura para quem pediu para se calar em CPI, como Pazuello fez agora. Folha de São Paulo, São Paulo, 17 de Maio de 2021, 23h15. Política. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/05/bolsonaro-ja-defendeu-tortura-para-quem-pediu-para-se-calar-em-cpi-como-pazuello-fez-agora.shtml>. Acesso em: 28 out. 2022

Downloads

Publicado

2024-08-31

Como Citar

MARIANO, Fábio Roberto. O Fruto Estranho de Bernardo Kucinski. REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS, [S. l.], v. 1, n. 37, p. 265–281, 2024. DOI: 10.61389/revell.v1i37.7656. Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7656. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Tema Livre