LETRAMENTO E CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DE TEXTOS EM LÍNGUA TERENA
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Letramento, Terena, Língua Indígena.Resumo
Este trabalho tem como objetivo geral discutir sobre o processo de produção de textos em língua indígena, por parte de professores Terena do município de Miranda, Estado do Mato Grosso do Sul. Tendo escolhido o tema da primeira narrativa a ser produzida, os professores Terena preferiram, surpreendentemente, primeiro escrevê-la em português (“O Tuiuiú e o Sapo”) para, depois, traduzi-la para a língua indígena (“Kóho Yoko Hovôvo”). Discursos acerca da produção e a utilização do texto “Kóho Yoko Hovôvo” em um evento de letramento ocorrido durante um acampamento de retomada de terra na aldeia Cachoeirinha constituíram foco de análise. A análise dos dados foi realizada considerando que (a) toda prática discursiva revela processos de construção identitária (MAHER, 1996, 1998; HALL, 2001), (b) em contextos bilíngües, as línguas não ocupam compartimentos isolados (Maher, 2007a) e há uma conjunção entre as práticas de letramento nas duas línguas em questão (HORNBERGER,1989/2003). Os resultados demonstraram que (a) o biletramento que emergiu nas oficinas de textos focalizadas evidencia um procedimento cultural Terena que encontra justificativa nas construções identitárias desse povo ao longo da história - aprender a língua do outro sempre foi uma de suas estratégias políticas (LADEIRA, 2001); (b) a escrita das duas versões da história do tuiuiú e o sapo compuseram um quadro conflituoso, na medida em que questões de caráter político e sociocultural (escrever primeiro em Português) foram, posteriormente, confrontadas com questões de caráter essencialmente lingüístico (escrever em Terena).
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