A subalternidade feminina em Desmundo

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Autores

  • Rodrigo Mazer Etto Universidade Estadual de Ponta Grossa - PR
  • Valeska Gracioso Carlos Universidade Estadual de Ponta Grossa - PR

Palavras-chave:

Literatura, feminino, subalternidade.

Resumo

Por permitir uma desestabilização do discurso oficial, o discurso ficcional possibilita que as histórias sejam narradas a partir de um ponto de vista descentralizado, como acontece na obra Desmundo (MIRANDA, 2003), em que ao contrário da história tradicionalmente narrada por cronistas portugueses, a colonização brasileira é contada a partir do olhar de uma mulher, na sociedade do século XVI. Há uma relação intertextual do livro com a história oficial, pois no discurso de Oribela é possível vislumbrar o papel das mulheres em uma sociedade que procurava silenciá-la, tanto no meio social como no familiar, impedindo-a de qualquer movimento em direção à sua liberdade e emancipação.

O objetivo desse trabalho é apresentar uma singela interpretação do livro pela ótica da mulher subalterna e silenciada, em que a relação entre realidade e ficção está baseada em Aristóteles (1984) e Hutcheon (1991); para apresentar o surgimento dos Estudos Culturais recorreu-se à Hall (2003), Bhabha (1998) e Pryston (2003); e para a abordagem do gênero feminino foi utilizado referencial teórico de Sullerot (1988), Beauvoir (2009) e Spivak (2010).  

Biografia do Autor

Rodrigo Mazer Etto, Universidade Estadual de Ponta Grossa - PR

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Linguagem, Identidade e Subjetividade da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Valeska Gracioso Carlos, Universidade Estadual de Ponta Grossa - PR

Professora Dra. do Programa de Pós-Graduação em Linguagem, Identidade e Subjetividade da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Referências

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Publicado

2017-09-05

Como Citar

ETTO, Rodrigo Mazer; CARLOS, Valeska Gracioso. A subalternidade feminina em Desmundo. REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS, [S. l.], v. 2, n. 16, p. 201–218, 2017. Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/1538. Acesso em: 29 mar. 2024.