O quê e a quem se quer ensinar: análise das propostas pedagógicas, missões e valores das escolas com os melhores resultados no ENEM

Visualizações: 693

Autores

  • Marcos da Silva Pacheco Universidade Federal do Espírito Santo
  • Thamiris Monteiro Moreno Universidade Federal do Espírito Santo
  • Paula Mello Pacheco Universidade Federal do Espírito Santo

DOI:

https://doi.org/10.26514/inter.v9i26.3041

Palavras-chave:

Sítios escolares, Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), seleção, produção de capital humano, produção de rankings.

Resumo

No atual cenário competitivo e capitalista, certas escolas vêm moldando sua forma de educar numa lógica capitalista de produção de capital humano cujo resultado buscado é a boa colocação no ENEM tido como sinônimo de sucesso. Dessa forma, o processo de construção do estudante acaba sendo baseado neste exame perdendo dimensão plural que a escola precisa ter na busca de qualidade. Este estudo analisou como o ENEM influencia as propostas pedagógicas, missões e valores presentes nos sítios na internet das 30 escolas mais bem colocadas nos últimos três anos, bem como elementos gráficos e textuais presentes nestes materiais de divulgação. Foi possível observar que a maioria das escolas apresentaram uma concepção mercantilista da educação, preocupadas em vender resultados como sinônimos de uma educação eficiente. Questões como a valorização de senso crítico e éticos pouco apareceram neste material, ao contrário, fora observada a valorização de uma educação conteudista e mercantilista, visando a competição como finalidade principal mesmo afirmando apostar na cidadania.

Referências

ABRITA, Juliana Boldrini. “O futuro do seu filho você constrói agora!”: uma análise da constituição da infância de sucesso. 2015. 121f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, MS.

ANDRADE, E.; MOITA, R.; SILVA, C. A escolha da faculdade pelo aluno: estimação da demanda e precificação dos atributos; Mimeografado. 2009.

ANGELUCCI, C. B. Medicalização das diferenças funcionais – continuísmos nas justificativas de uma educação especial subordinada aos diagnósticos. Nuances: estudos sobre Educação, 25 (1), 116-134. 2014.

APPLE, M. W. Comparing Neo-liberal Projects and Inequality in Education. Comparative Education, v. 37, n. 4, p. 409-423, nov. 2001.

BARDIN, L. Análise de conteúdo (L. Reto & A. Pinheiro, Trad.). São Paulo: Edições 70/Livraria Martins Fontes. 2008.

BOCK, A.M.B. A Psicologia a caminho do novo século: identidade profissional e compromisso social Estudos de Psicologia, 4(2), 315-329 Evento 315.1999.

BRAILOVSKI, D. La cuestión del fin de la razón de estado en la historia de la escolarización. In: NARODOWSKI, Mariano; BRAILOVSKI, Daniel (Orgs.). Dolor de escuela. Buenos Aires: Prometeo Libros, 2006, p. 61-80.

CORRÊA, M.; CERVIN, G. M. Escolarização e Biopolítica: o discurso pedagógico produzindo a escola Educação: Teoria e Prática/ Rio Claro/ Vol. 26, n.52/ p. 194-211/ Mai-Ago. 2016.

CURI, A. Z., & MENEZES-FILHO, N. A. Mensalidade escolar, background familiar e os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio. Pesquisa e Planejamento Econômico, 43(2), 223-254. 2013.

BRANDÃO, Z. Fluxos escolares e efeitos agregados pelas escolas. Em Aberto, v. 17, n. 71, p. 41-48,2000.

DELEUZE, G. Conversações. São Paulo: Escuta.1992.

DESPRET, V. Os dispositivos experimentais. Fractal: Revista de Psicologia, v. 23 – n. 1, p. 43-58, Jan./Abr. 2011

FAGUER, Jean-Pierre. Os efeitos de uma "educação total": um colégio jesuíta, 1960. Educ. Soc. [online]., vol.18, n.58, pp. 9-53. ISSN 0101-7330. 1997.

HECKERT, A. L. C.; ROCHA, M. L. A maquinaria escolar e os processos de regulamentação da vida. Psicologia & Sociedade, 24(n. spe.), 85-93. 2012.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir. Petrópolis, RJ: Vozes. 1991.

GOMES, C. M. A. Avaliando a avaliação escolar: notas escolares e inteligência fluida. Psicologia em Estudo, v. 15, n. 4, p. 841-849. 2010.

KASTRUP, V., PASSOS, E. Cartografar é traçar um plano comum. Fractal, Rev. Psicol., v. 25 – n. 2, p. 263-280, Maio/Ago. 2013.

LADD, H. F.; WALSH, R. P. Implementing value-added measures of school effectiveness: getting the incentives right. Economics of Education Review, v. 21, p. 1-17, 2002.

MATURANA, H. e VARELA, F. El arbol del conocimiento. Las bases biológicas del conocimiento humano. Madrid, Debate, 1990 [1986].

MELSERT, A. L. M.; BICALHO, P. P. G. Desencontros entre uma prática crítica em psicologia e concepções tradicionais em educação. Psicol. Esc. Educ. [online]. vol.16, n.1, pp. 153-160. ISSN 1413-8557. 2012.

PATTO, M. H. S. A Produção do Fracasso Escolar: Histórias de Submissão e Rebeldia. São Paulo: Intermeios. 2015.

SILVA, C. S. Estudo qualitativo sobre as mudanças que o ENEM (exame nacional do ensino médio) provocou nos trabalhos pedagógicos e metodológicos dos professores do ensino médio. Revista Cocar. 7(13), 91-97. 2013.

WEST, A.; PENNELL, H. Publishing School Examination Results in England: Incentives and consequences. Educational Studies, v. 26, n. 4, p. 423-436, dez. 2000.

Downloads

Publicado

27-11-2018

Como Citar

Pacheco, M. da S., Moreno, T. M., & Pacheco, P. M. (2018). O quê e a quem se quer ensinar: análise das propostas pedagógicas, missões e valores das escolas com os melhores resultados no ENEM. INTERFACES DA EDUCAÇÃO, 9(26), 270–290. https://doi.org/10.26514/inter.v9i26.3041