Desigualdades de Gênero e Raça na Pesquisa em Educação: quem são e o que pesquisam as mulheres negras bolsistas de produtividade do CNPq?
Visualizações: 730DOI:
https://doi.org/10.26514/inter.v12i35.5528Palavras-chave:
Mulheres, Negras, PesquisadorasResumo
Esse estudo teve por objetivo central analisar a produção científica das mulheres negras que se destacaram no campo da pesquisa em Educação, e que ascenderam aos mais altos níveis de reconhecimento em produtividade científica no país. Para isso, foram consultados os dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), os Currículos Lattes dessas pesquisadoras; bem como imagens dessas mulheres, disponíveis na internet. O processo por meio do qual se deu a identificação dessas mulheres foi a heteroidentificação étnico-racial virtual. Trata-se de um estudo exploratório de natureza qualitativa, que foi realizado no segundo semestre de 2020. O aporte analítico se situa na análise de conteúdo proposta por Laurence Bardin. Foram analisados 11 Currículos Lattes de 11 mulheres negras, bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq, na área da Educação. A partir dessas análises, foi possível constatar que, essas mulheres, por meio dos saberes que produzem e das posições acadêmicas que ocupam, realizam um esforço de resistência epistemológica no campo do gênero e/ou da raça. Sustentamos a tese de que essa resistência é verdadeira nos casos das investigadoras negras que se dedicam a produzir conhecimento especificamente para esse(s) campo(s) de pesquisa; mas também é verdadeira tanto no caso daquelas que investigam campos adjacentes, quanto no caso daquelas mulheres negras que investigam temas mais distantes.Referências
AGÊNCIA BRASIL. Negras são 28% dos brasileiros, mas têm baixa participação política: em 2016, 3,2 % das prefeitas eleitas eram mulheres negras, publicado em 07/10/2020 - 08:00 por Letycia Bond - Repórter da Agência Brasil – Brasília, 2020. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/eleicoes-2020/noticia/2020-10/negras-sao-28-dos-brasileiros-mas-tem-baixa-participacao-politica Acesso em: 30 de ago. de 2021
ALMEIDA, S. L. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte: Letramento, 2018
ALMEIDA, S. L. Racismo Estrutural. São Paulo, Pólen Livros, 2019
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa/Portugal: Edições 70, 1977.
CERQUEIRA, D. et. al. Atlas da Violência 2018. Rio de Janeiro: Ipea e FBSP, 2018.
CNPq. Distribuição percentual dos pesquisadores por sexo segundo a condição de liderança. 2014. Disponível em: <https://encurtador.com.br/ciwxD> Acesso em: 09 set. 2020
CNPQ. Parte II - As negras e os negros nas bolsas de formação e de pesquisa do CNPq, 2015 Disponível em: Acesso em: 09 set. 2020
CNPQ. Quantitativos de bolsas: por sexo, 2019. Disponível em: Disponível em: Acesso em: 09 set. 2020
COELHO, W. N. B.; BRITO, N. J. C. Dez anos da lei n. 10.639/2003 e a formação de professores e relações raciais em artigos (2003/2013): um tema em discussão. Práxis educacional, v. 16, p. 19-42, 2020.
COELHO, W. N. B.; COELHO, M. C. Os conteúdos étnico-raciais na educação brasileira: práticas em curso. Educar em revista, p. 67-84, 2013.
COELHO, W. N. B.; DIAS, S. B. Relações raciais na escola: entre legislações e coordenações pedagógicas. Revista ABPN, v. 12, p. 46-67, 2020
DAVIS, A. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016
DAVIS. A. Mulheres, cultura e política. São Paulo: Boitempo, 2017
DAVIS, Angela. Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela. El País [Internet], 2017. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/27/politica/1501114503_610956.html Acesso em: 31 de ago. 2021
DEMIER, F.; HOEVELER, R. (org.) A onda conservadora: ensaios sobre os atuais tempos sombrios no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad, 2016.
DIAS, G. R. M.; TAVARES JUNIOR, P. R. F. (Orgs.). Heteroidentificação e cotas raciais: dúvidas, metodologias e procedimentos. Canoas: IFRS campus Canoas, 2018
FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2009.
GALLEGO, E. S. (org.). O ódio como política: a reinvenção das direitas no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2018.
GÊNERO E NÚMERO. Menos de 3% entre docentes da pós-graduação, doutoras negras desafiam racismo na academia. 2018. Disponível em: Acesso em 12 set. 2020
GOMES, N. L. A compreensão da tensão regulação/emancipação do corpo e da corporeidade negra na reinvenção da resistência democrática. PERSEU: História, Memória e Política, v. 1, p. 123-142, 2019.
GOMES, N. L. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais. In: Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal nº 10.639/03. Brasília: Ministério da Educação, 2005.
GOMES, N. L. Libertando-se das amarras: reflexões sobre gênero, raça e poder. Currículo sem Fronteiras, v. 19, p. 609-627, 2019c.
GOMES, N. L. O movimento negro brasileiro indaga e desafia as políticas educacionais. Revista ABPN, v. 11, p. 141-162, 2019b.
GOMES, N. L. O movimento negro no Brasil: ausências, emergências e a produção de saberes. Política & Sociedade, v. 10, p. 133-154, 2011
IBGE. Cor ou raça, IBGE Educa, 2015. Disponível em: <https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18319-cor-ou-raca.html> Acesso em 31 de ago. de 2021.
IBGE. Quantidade de homens e mulheres, IBGE Educa, 2018. Disponível em: <https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18320-quantidade-de-homens-e-mulheres.html> Acesso em 31 de ago. de 2021.
IBGE. Desemprego. 2021. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php Acesso em 31 de ago. de 2021.
INFOMONEY. Lista de bilionários brasileiros da Forbes ganha 42 nomes em 2021; conheça os novos ricaços. 30 ago 2021 12h15. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/minhas-financas/lista-de-bilionarios-brasileiros-da-forbes-ganha-42-nomes-em-2021-conheca-os-novos-ricacos/ Acesso em 31 de ago. de 2021.
MBEMBE, A. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. 8ª reimpressão. São Paulo: n-1 edições, 2020.
MORETTO, L.; NASCIMENTO, M. I. M. O Olhar Feminino e Infantil em Marx: Implicações Educacionais Marxianas Sobre a Condição das Mulheres e das Crianças nas Fábricas. In: IV SEMINÁRIO INTERNACIONAL DESAFIOS DO TRABALHO E EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI, 2019, Uberlandia. Anais... Uberlância, SP, 2019.
NASCIMENTO, I. P. De que família estamos falando? entre o ideal e o vivido. Nuances, v. 20, p. 195-206, 2009.
NASCIMENTO, I. P.; MORAES, F. K. Adolescentes grávidas acompanhadas em uma unidade de saúde da família: análise de suas representações sociais sobre a escola. Adolescência & Saúde, v. 08, p. 27--34, 2011.
NASCIMENTO, M. I. M.; ALMEIDA, A. C.; DALL'LGANA, M. B. Iconografias da Arte Indígena Guarani e Kaingang do Sudoeste do Paraná: propósito para a memória das minorias étnicas. In: IX SIMPÓSIO INTERNACIONAL PROCESSO CIVILIZADOR, Tecnologia e Civilização, 2005, Ponta Grossa. Anais... Ponta Grossa-PR: Cefet, 2005.
NASCIMENTO, M. N. M.; NASCIMENTO, M. I. M. . Educação, Relações Étnico-raciais e Formação de Professores. In: CASIMIRO, A, P; AGUIAR, I. P. (Orgs.). Etnia e Educação. Campinas - SP: Alínea, 2012, p. 31-40.
NUNES, G. H. L. Autodeclarações e comissões: responsabilidade procedimental dos/as gestores/as de ações afirmativas. In.: DIAS, G. R. M.; TAVARES JUNIOR, P. R. F. (Orgs.). Heteroidentificação e cotas raciais: dúvidas, metodologias e procedimentos. Canoas: IFRS campus Canoas, 2018, p. 11-31.
SANTOS, F. D. Prefácio. In.: DIAS, G. R. M.; TAVARES JUNIOR, P. R. F. (Orgs.). Heteroidentificação e cotas raciais: dúvidas, metodologias e procedimentos. Canoas: IFRS campus Canoas, 2018, p. 06-10.
SILVA, I. P. Em busca de significados para a expressão “Ideologia de Gênero”. Educação em Revista, v. 34, 2018.
SILVA, I. R. Biografias negras e indígenas do Amazonas? Desafios para inclusão e respeito à pessoa humana em tempos de luta pela cidadania e democracia. In: MASCARENHAS, S. A. N.; ARAÚJO, J. (Org.). Desafios para o exercício da cidadania, qualidade de vida e inclusão sócio econômica na Amazônia. São Paulo: Loyola, 2017, v. 1, p. 322-339.
SOUZA, D. C.; SILVA, I. R.; HONORATO, E. J. S. Violência na intimidade de jovens ? Reflexões a luz da literatura. Interfaces Científicas - Humanas E Sociais, v. 8, p. 37-50, 2020
SOUZA, N. L.; ZANLORENZE, M. J.; NASCIMENTO, M. I. M. A Escola Normal de Curitiba e o ingresso de mulheres. In: IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL, 2012, Paraíba. Anais... Paraíba: Universidade Estadual da Paraíba, 2012. v. 1. p. 1-100.
TELES, E. A produção do inimigo e a insistência do Brasil violento e de exceção. In.: GALLEGO, E. S. (org.). O ódio como política: a reinvenção da direita no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2018, p. 65-72.
UCHOA, K. P.; et al. Meaning of gender relations produced by adolescents of a public school. Psicologia da educação, v. 1, p. 35-44, 2019.
VAZ, L. M. S. S. As comissões de verificação e o direito à (dever de) proteção contra a falsidade de autodeclarações raciais. In.: In.: DIAS, G. R. M.; TAVARES JUNIOR, P. R. F. (Orgs.). Heteroidentificação e cotas raciais: dúvidas, metodologias e procedimentos. Canoas: IFRS campus Canoas, 2018, p. 32-79.
VEJA. Projeto quer – finalmente – cobrar imposto de donos de jatinhos e iates. Por Manoel Schlindwein Atualizado em 17 fev 2021, 13h23 - Publicado em 17 fev 2021, 18h30 Disponível em: https://veja.abril.com.br/blog/radar/projeto-quer-finalmente-cobrar-imposto-de-donos-de-jatinhos-e-iates/
WEIGEL, V. A. C. M.; et al. Estudantes indígenas amazônicos e suas fronteiras nas cidades. In: FÁVERO, O.; PINHEIRO, M. G. S. P. (Org.). Diversidade na Educação de Jovens e Adultos. Manaus: EDUA, 2012, v. 1, p. 11-50.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado simultaneamente sob uma Licença Creative Commons Attribution após a publicação, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista;
b. autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista;
c. autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.