Maternidade e carreira científica

Experiências e concepções das docentes mães da Universidade Federal do Pampa

Visualizações: 66

Autores

DOI:

https://doi.org/10.61389/inter.v14i40.6603

Palavras-chave:

Maternidade, Mulher, Ciência, Carreira científica, Cientista

Resumo

Somos socializados historicamente em uma sociedade que reproduz e naturalizada as desigualdades de gênero. A ciência, que é resultado da construção humana, reproduz em seu interior os valores socioculturais da sociedade, se constituindo assim, de forma androcêntrica e sexista, restringindo e excluindo historicamente as mulheres de seu contexto. Fazer ciência exige dedicação de tempo integral para o cumprimento das atividades ligadas à pesquisa, ensino e extensão, demandas que desconsideram as particularidades das mulheres, como a vivência da maternidade, que, por pelo menos um determinado período, também exige dedicação em tempo integral de cuidados. O artigo refere-se a uma pesquisa qualitativa exploratória, ancorada nos Estudos Culturais, na perspectiva pós-estruturalista, objetivando, a partir do uso de questionários, investigar se a maternidade impacta a carreira das docentes da Universidade Federal do Pampa, bem como analisar de que forma as mesmas conciliam as demandas entre a maternidade com a carreira na ciência. Percebemos, a partir da pesquisa, que a conciliação da maternidade com a careira científica impacta de alguma forma, a carreira das cientistas mães, representando para muitas, um dilema constante de sobreposições de papéis, consequência tanto da ciência androcêntrica quanto da sociedade, que responsabiliza majoritariamente as mulheres pelos cuidados com a vida privada.

 

Biografia do Autor

Aline Teresinha Walczak, Universidade Federal de Santa Maria

Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Mestra em Educação em Ciências pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). Licenciada em Ciências Bilógicas pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).

Fabiane Ferreira da Silva, Universidade Federal do Pampa

Docente do curso de Licenciatura em Ciências da Natureza e do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciência Química da Vida e Saúde, na Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Campus Uruguaiana. Doutora e Mestra em Educação em Ciências, Licenciada em Química.

Referências

ALMEIDA, S. O que é racismo estrutural?. Belo Horizonte: Letramento, 2018.

BADINTER, E. Um amor conquistado: o mito do amor materno. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira. 1985.

BIROLI, F. Gênero e Desigualdades: limites da democracia no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2018.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Mulheres são maioria na Educação Superior brasileira. Brasília: Inep, 2018. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/mulheres-sao-maioria-na-educacao-superior-brasileira/21206>. Acesso em: 07 out. 2020.

CITELI, M. T. Fazendo diferenças: teorias sobre gênero, corpo e comportamento. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 9, n. 1, p. 131-145, jan./abr. 2001. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2001000100007>. Acesso em: 04 set. 2019.

DYNIEWICZ, L.; RIBEIRO, R. R. Igualdade em Sandra Fredman: análise de caso do edital de iniciação científica da Universidade Federal Fluminense. Revista de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, Campinas, v.1, p. 1-17, 2020. Disponível em: <https://seer.sis.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/direitoshumanos/article/view/5149>. Acesso em: 10 fev. 2021.

FABBRO, M. R. C.; HELOANI, J. R. M. Mulher, maternidade e trabalho acadêmico. Investigación y educación en enfermería, Medellín, v. 28, n. 2, p. 176- 186, 2010. Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=3260528>. Acesso em: 19 mar. 2021.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

GROSSI, M. G. R.; BORJA, S. D. B.; LOPES, A. M.; ANDALÉCIO, A. M. L. As mulheres praticando ciência no Brasil. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 24, n. 1, p. 11-30, abr. 2016. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-026X2016000100011&script=sci_arttext >. Acesso em: 24 mar. 2021.

LEMOS, A. H. C.; MELLO, G. R.; GUIMARÃES, M.F. Gerações produtivas e carreiras: o que as mulheres da geração y querem? Revista de Administração da UFSM, Santa Maria, v. 7, n. 1, p. 135-152, mar. 2014. Disponível em: < https://periodicos.ufsm.br/reaufsm/article/view/6280/pdf>. Acesso em: 20 out. 2019.

LIMA, B. S.; BRAGA, M. L. S.; TAVARES, I. Participação das mulheres nas ciências e tecnologias: entre espaços ocupados e lacunas. Revista Gênero, Rio de Janeiro, v. 16, n. 1, p. 11-31, jun./dez. 2015. Disponível em: <https://periodicos.uff.br/revistagenero/article/view/31222/18311>. Acesso em: 24 mar. 2021.

LOURO, G. L. Corpo, escola e identidade. Educação e realidade, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 59-76, Jul./dez. 2000. Disponível em: <https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/46833/29119>. Acesso em: 23 set. 2019.

MESTRE, S. O.; LOVATO, I. M.; LOPES, A. G.; AZEREDO, E. P. B. Maternidade e produção acadêmica na quarentena: experiências e reflexões de mães sociólogas. In: SOUTO-MARCHAND, A. S.; GALVÃO, E.; FERNANDADES, M. (Orgs.). Mulheres Cientistas e os desafios pandêmicos da maternidade, volume 1: Artigos produzidos durante a Pandemia de Covid-19 em 2020. Porto Alegre: Editora Fi, 2020. p. 87-99.

MINAYO, M. C. S. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 21. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

MUNIZ, A. W. R.; DIAS, F. S.; BASTOS, K. O.; PORTO, R. M. Será mesmo sobre a pandemia? Caminhos possíveis para mães pesquisadoras. In: SOUTO-MARCHAND, A. S.; GALVÃO, E.; FERNANDADES, M. (Orgs.). Mulheres Cientistas e os desafios pandêmicos da maternidade, volume 1: Artigos produzidos durante a Pandemia de Covid-19 em 2020.

Porto Alegre: Editora Fi, 2020. p. 36-47.

MUÑOZ, P. O. L.; SANCHES, C.; BASTOS, P. D.; VEDOVATO, M. M.; DELLANHESE, A. P. F. Os desafios do isolamento social para mães de crianças com transtornos do neurodesenvolvimento. In: SOUTO-MARCHAND, A. S.; GALVÃO, E.; FERNANDADES, M. (Orgs.). Mulheres Cientistas e os desafios pandêmicos da maternidade, volume 1: Artigos produzidos durante a Pandemia de Covid-19 em 2020. Porto Alegre: Editora Fi, 2020. p. 36-47.

OLINTO, G. A inclusão das mulheres nas carreiras de ciência e tecnologia no Brasil. Inclusão Social, v. 5 n. 1, p. 68-77, jul./dez. 2011. Disponível em: <http://revista.ibict.br/inclusao/article/view/1667 >. Acesso em: 13 mar. 2021.

OLIVEIRA, L. R.; MAGALHÃES, J. C. Esse é o show da luna: investigando gênero, ensino de ciências. Domínios da imagem, Londrina, v. 11, n. 20, p. 95-118, jan./jun. 2017. Disponível em:<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/dominiosdaimagem/article/view/31880/0>. Acesso em: 30 mar. 2021.

OLIVEIRA, M.; MAIO, E. R. “Você tentou fechar as pernas? ” – a cultura machista impregnada nas práticas sociais. Polêm!ca, Rio de Janeiro, v. 16, n.3, p. 01-18, jul./set. 2016. Disponível em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/polemica/article/view/25199>. Acesso em: 26 mar. 2021.

PARENT IN SCIENCE. Editais que incluem a maternidade. Disponível em: <https://327b604e-5cf4-492b-910b-e35e2bc67511.filesusr.com/ugd/0b341b_40bcdd9b34b04ece83507ce6b8866fd8.pdf>. Acesso em: 03 abr. 2021.

PEREIRA, A. C. F.; FAVARO, N. A. L. G. História da mulher no ensino superior e suas condições atuais de acesso e permanência. In: XIII Congresso Nacional de Educação - EDUCERE, IV Seminário Internacional de Representações Sociais, Subjetividade e Educação - SIRSSE e VI Seminário Internacional sobre Profissionalização Docente - SIPD/CÁTEDRA UNESCO, 2017, Curitiba/PR. Anais... Curitiba: Editora Universitária Champagnat, 2017. p. 5527-5542. Disponível em: <https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2017/26207_12709.pdf>. Acesso em: 24 out. 2019.

PRADO, R. M.; FLEITH, D. S. Pesquisadoras brasileiras: conciliando talento, ciência e família. Arquivos Brasileiros de Psicologia, Rio de Janeiro, v. 64, n. 2, p. 19-34, 2012. Disponível em: <https://www.redalyc.org/pdf/2290/229023851003.pdf>. Acesso em: 05 mar. 2021.

SCHIEBINGER, L. O feminismo mudou a ciência?. São Paulo: EDUSC, 2001.

SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, jul./dez. 1995. Disponível em: <https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71721>. Acesso em: 22 set. 2019.

SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3. ed. Florianópolis: Laboratório de Ensino a Distância da UFSC, 2001.

SILVA, F. F.; RIBEIRO, P. R. C. Trajetórias de mulheres na ciência: “ser cientista” e “ser mulher”. Ciência e Educação, Bauru, v. 20, n. 2, p. 449-466, 2014. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-73132014000200449&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 26 nov. 2019.

SILVA, F. F. .Por que é preciso falar da inserção e da participação das mulheres na ciência?. In: FRICK, Loriane Trombini; PONCIANO, P. C.; BARTELMEBS, R. C. (Orgs.). Narrativas sobre feminilidades. Curitiba: Editora CRV, 2020. p. 47-64. Disponível em: <https://editoracrv.com.br/produtos/detalhes/35201-narrativas-sobre-feminilidades>. Acesso em: 25 mar. 2021.

SOUZA, Â. M. F. L.; FAGUNDES, T. C. P. C. Acesso à educação e à produção de saberes – direitos da mulher. Bahia Análise &Dados, Salvador, v. 14, n. 1, p. 173-183, jun. 2004. Disponível em: < https://www.sei.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=981&Itemid=284>. Acesso em: 14 fev. 2021.

SOARES, A. C. E. C.; CIDADE, C. A. S.; SILVA, J. M. S.; CARDOSO, V. C. Apontamentos históricos do surgimento dos coletivos nacionais de mães nas universidades e o fortalecimento da luta materna na ciência brasileira dos dias atuais. In: SOUTO-MARCHAND, A. S.; GALVÃO, E.; FERNANDADES, M. (Orgs.). Mulheres Cientistas e os desafios pandêmicos da maternidade, volume 1: Artigos produzidos durante a Pandemia de Covid-19 em 2020. Porto Alegre: Editora Fi, 2020. p. 115-127.

SOARES, C. B.; SILVA, F. F. Raça e Gênero no corpo docente da Universidade Federal do Pampa. Cadernos de gênero e diversidade, Salvador, v. 5, n. 3, jul./set., 2019 Disponível em: <https://periodicos.ufrn.br/educacaoemquestao/article/view/22275>. Aceso em: 14 fev. 2020.

STASEVSKAS, K. O. Ser mãe: narrativas de hoje. 1999. 169 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública.) - Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999. Disponível em: <https://teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6136/tde-16032005-141212/pt-br.php>. Acesso em: 30 set. 2019.

STEVENS, C. Maternidade e feminismo: diálogos na Literatura Contemporânea. In: STEVES, C. (Org.). Maternidade e Feminismo: Diálogos Interdisciplinares. Florianópolis: Editora Mulheres, 2007 p. 15-78.

Downloads

Publicado

06-11-2023

Como Citar

Walczak, A. T., & Silva, F. F. da. (2023). Maternidade e carreira científica: Experiências e concepções das docentes mães da Universidade Federal do Pampa. INTERFACES DA EDUCAÇÃO, 14(40), 640–659. https://doi.org/10.61389/inter.v14i40.6603