“Eu penso que o nosso está a nossa cara”:

o currículo escolar indígena como um projeto de educação intercultural

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Autores

DOI:

https://doi.org/10.61389/inter.v14i41.7519

Palavras-chave:

Educação indígena, Práticas educativas, Currículo intercultural, Professores indígenas

Resumo

O artigo analisa os movimentos de resistência dos professores pataxó na elaboração de um currículo intercultural, frente às práticas coloniais do sistema de ensino. A pesquisa está situada entre os estudos de educação e currículo intercultural, alinhados à pedagogia crítica, ampliada pelos estudos decoloniais. O material empírico foi principalmente coletado em ambiente virtual, com mediação tecnológica digital, devido à pandemia do Covid-19, incluindo uma incursão presencial em território indígena. O material envolve encontros virtuais para a criação do currículo e entrevistas com dois professores pataxó. À luz das abordagens teóricas, analisamos as práticas educativas na perspectiva freireana e adotamos two-eyed seeing methodology, que nos permitiu diferentes olhares sobre o currículo intercultural, no qual o Ritual da Lua Cheia é a principal prática ancestral. No andamento do processo de elaboração do currículo, os professores realizam movimentos de resistência contra o colonialismo, em vista das relações estabelecidas entre as diferentes racionalidades em disputa: a educação ocidental — capitalismo neoliberal — versus a educação ancestral. Entretanto, eles se posicionam politicamente pela conciliação como forma de enfrentamento de colonialidades. Sendo assim, eles incorporam no currículo algumas práticas de fora que ajudam a conectar a escola indígena Pataxó, diferenciando-a no sistema de ensino.

Biografia do Autor

Vanessa Tomaz, Universidade Federal de Minas Gerais

Licenciada em Matemática pela Universidade Federal de Minas Gerais (1986), mestre em Educação (2002) e doutora em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (2007). Pós-doutora pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS-RS, incluindo estágio de pesquisa no Center for Research on Activity, Development and Learning (CRADLE) - University of Helsinki (2016). Atualmente é professora associada do Departamento de Métodos e Técnicas da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais e do Programa de Pós-graduação em Educação: Conhecimento e Inclusão Social, da Faculdade de Educação-UFMG, desenvolvendo pesquisas também no Centro de Educação da Universidade Federal do Espirito, como pesquisadora visitante. Atuou como coordenadora da linha de pesquisa em Educação Matemática do Programa de pós-graduação em Educação da FaE-UFMG. Atua como professora do Curso de Licenciatura em Formação Intercultural para Educadores Indígenas - FIEI e como coordenadora institucional do Curso de pós-graduação Lato Sensu em Formação de Professores da Educação Básica (LASEB), onde também desenvolve pesquisas sobre aprendizagem escolar e desenvolvimento. Participa do Grupo de pesquisa em Teoria da Atividade Histórico-cultural na pesquisa em Educação (CHATER), desenvolvendo pesquisas sobre aprendizagem matemática dentro da perspectiva da teoria da atividade histórico-cultural com foco: nas práticas matemática em sala de aula, em diferentes contextos escolares, interdisciplinaridade e docência na Educação Básica e Superior. Coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Escolar Intercultural Indígena - GEPEEI, liderando a Rede de Pesquisa Hãm Yĩkopit (Perguntar à terra) com membros indígenas Maxakali de Água Boa e não-indígenas. Orienta pesquisa de graduação, mestrado e doutorado na temática Educação Matemática e Educação intercultural indígena, devolvendo metodologias de pesquisa indígena, em uma perspectiva inter-epistêmica como forma de decolonizar o campo acadêmico, e em parceria com pesquisadores indígenas e não indígenas de universidades brasileiras e estrangeiras. Ela também participa de projetos sociais que buscam garantir os direitos indígenas, participa de comitês para apoiar os indígenas na educação indígena e contra a pandemia de Covid-19.

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Publicado

11-01-2024

Como Citar

Martins, D., & Tomaz, V. (2024). “Eu penso que o nosso está a nossa cara”:: o currículo escolar indígena como um projeto de educação intercultural. INTERFACES DA EDUCAÇÃO, 14(41), 92–113. https://doi.org/10.61389/inter.v14i41.7519