ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO EM LÍNGUA TERENA: ASPECTOS POLÍTICOS E PEDAGÓGICOS

Visualizações: 942

Autores

  • Onilda Sanches Nincao UFMS

Palavras-chave:

Alfabetização. Letramento. Língua Terena.

Resumo

O objetivo deste texto é discutir alguns aspectos sobre o tema da alfabetização e letramento em língua indígena a partir de estudos realizados sobre a língua Terena. Os estudos foram realizados em trabalhos sobre alfabetização e letramento em língua Terena focalizando uma política linguística do município de Aquidauana e a realização de oficinas de produção de textos em língua Terena com professores indígenas do município de Miranda. Metodologicamente, as pesquisas são de caráter qualitativo realizadas por meio de entrevistas e pesquisa colaborativa. Os resultados mostraram que embora, a política governamental de educação escolar indígena tenha garantido o ensino das línguas indígenas na escola, isso não é de fácil execução. No caso dos Terena, sua política linguística histórica e não, aleatoriamente, determinada de aprender a língua portuguesa na escola para inserir-se na sociedade brasileira interfere em sua demanda por alfabetização e letramento em língua Terena, sendo que a escrita da língua Terena tem um papel simbólico e político nas lutas por seus direitos, antes de que uma necessidade por alfabetização nessa língua. Sendo assim, projetos de alfabetização em língua Terena devem ser posteriores ao surgimento de suas demandas por alfabetização a partir do papel político da escrita da língua Terena como ocorreu nos resultados desta pesquisa.

Biografia do Autor

Onilda Sanches Nincao, UFMS

UFMS. FUNDECT(MS)

Referências

BRASIL. Constituição: República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.

CAVALCANTI, M.C. e MAHER, T. M. O índio, a leitura e a escrita. O que está em jogo? Campinas, CEFIEL/IEL/UNICAMP, 2005.

D’ANGELIS, W. R. Línguas Indígenas precisam de escritores? Como formá-los? Campinas, CEFIEL/IEL/UNICAMP, 2005.

GIROUX. H. A. Os Professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Tradução de Daniel Bueno. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

GOODY, J. (ed.). Literacy in Tradicional Societies. Cambridge: Cambridge University Press, 1968.

HORNBERGER, N. H. Language Planning from the Bottom Up. In: Hornberger, N. H. (org.) Indigenous Literacies in the Americas: Language Planning from the Bottom Up. Berlim: Mouton de Gruyter, 1996.

______.Continua of biliteracy. Review of Educational Research, 59 (3), 271-296, 1989

______. Criando Contextos Eficazes de Aprendizagem para o Letramento Bilíngüe. Tradução de Ana Antônia de Assis-Peterson e Maria Inês Pagliari Cox. In: COX, M.I.P. e ASSIS-PETERSON, A.A. (Orgs.). Cenas de Sala de Aula. Campinas, SP: Mercado de Letras. pp. 23-50, 2001.

HORNBERGER, N. H. (Ed.). Continua of Biliteracy: An Ecological Framework for Educational Policy, Research and Practice in Multilingual Settings. Clevedon, UK: Multilingual Matters. 2003.

McCARTY, T. (1998) “Schooling, Resistance, and American Indian Languages”. International Journal of the Sociology of Language, 132, 1998.

MAHER, T. M. Ser professor sendo Índio: questões de íingua(gem) e identidade. Campinas: Unicamp. Tese de Doutorado, 1996.

______. Uma Pequena Grande Luta: a escrita e o destino das línguas indígenas acreanas. In Mota, K. e Scheyerl, D. (orgs.) Espaços Lingüísticos: resistências e expansões. Salvador: EDUFBA, pp. 285-310, 2006b.

______. Cartografias Sociolingüísticas no Acre Indígena – Política Lingüística e Formação de Professores-Pesquisadores. Projeto de Pesquisa, DLA/IEL/UNICAMP, 2006c (mimeo).

______. Do Casulo ao Movimento: a suspensão das certezas na educação bilíngüe e intercultural. In: Cavalcanti.M.C. e Bortoni-Ricardo, S. M. (orgs.) Transculturalidade, Linguagem e Educação. Campinas, SP: Mercado de Letras. pp. 67-94,2007a.

KINCHELOE, J.L. A formação do Professor como Compromisso Político. Mapeando o Pós- Moderno. Tradução de Nize Maria Campos Pellanda. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

MELIÁ, B. Educação Indígena e Alfabetização. São Paulo: Loyola, 1973.

______. Desafios e Tendências na Alfabetização em Língua Indígena. In: Emiri, L. e Monserrat, R. (orgs.). A Conquista da Escrita. Encontros de Educação Indígena. São Paulo: Iluminuras/Opan, pp. 9-16, 1989.

______. Bilingüismo e Escrita. In: D'Angelis, W. e Veiga, J. (orgs). Leitura e Escrita em Escolas Indígenas (Encontros de Educação Indígena. COLE nº. 10 – 1995). Campinas: ALB/Mercado de Letras, pp. 89-104, 1997.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. (1994). Diretrizes para uma política nacional de educação escolar indígena. Cadernos de Educação Básica, série institucional, Brasília, volume 2, 1994.

______. Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas (RCNEI). Brasília: MEC/SEF/Coordenação Geral de Apoio às Escolas Indígenas, 1998.

______. Resolução CEB Nº 3. Brasília: Conselho Nacional de Educação/ Câmara de Educação básica, 1999.

MONSERRAT, R. Política e planejamento lingüístico nas sociedades indígenas do Brasil hoje: o espaço e o futuro das línguas modernas. In: VEIGA, Juracilda e SALANOVA, Andrés. (orgs.) Questões de educação escolar indígena: da formação do professor ao projeto de escola. Brasília: FUNAI/DEDOC. Campinas/ALB. p 127-159, 2001.

MORI, A. C. Conteúdos Lingüísticos e Políticos na Definição de Ortografias das Línguas Indígenas. In: D'Angels, W. e Veiga, J. (orgs.). Leitura e Escrita em Escolas Indígenas (Encontros de Educação Indígena) COLE nº 10 – 1995. Campinas: ALB/Mercado de Letras, pp. 23-33. 1997.

______. A Língua Indígena na Escola Indígena: quando, para que e como? In: Veiga, J. e Salanova, A. (orgs.). Questões de Educação Escolar Indígena: da formação do professor ao projeto de escola. Brasília: FUNAI/DEDOC. Campinas/ALB, pp. 160-171, 2001.

NINCAO, O.S. Representações de Professores Indígenas sobre o Ensino da Língua Terena na Escola. São Paulo/SP: PUC-SP. Dissertação de Mestrado, 2003.

______. “Kóho Yoko Hovôvo/ O Tuiuiú e o Sapo”: identidade, biletramento e política linguística na formação continuada de professores Terena. Tese de Doutorado, Instituto de Estudos da Linguagem, UNICAMP.

OLSON, D.R. (1997) O Mundo no Papel: as implicações conceituais e cognitivas da leitura e da escrita. São Paulo, Ática, 1997.

ONG, W. Writing is a Technology that Restructures Thought. In: BAUMAN, G. (org.). The Written Word: Literacy in Transition. Oxford: Oxford University Press, 1986.

RODRIGUES, A. Panorama das Línguas Indígenas da Amazônia. Queixalós, F. e Renault-Lescure, O. (orgs.) As Línguas Amazônicas Hoje. São Paulo: Instituto Socioambiental, pp. 15-28, 2000.

ROJO, R.H.R. Por uma abordagem enunciativa das línguas indígenas: efeitos para a discussão da escolarização indígena. Ou Processos de Letramento em Situação Diglóssica: Alfabetização Indígena. XI Encontro Nacional da ANPOLL. João Pessoa. 1996a.

STREET, B.V. Literacy in Theory and Practice. New York: Cambridge: University Press, 1084.

______. Perspectivas Interculturais sobre o letramento. Revista Filologia e Lingüística Portuguesa. Nº 8.P. 465-488, 2006.

VEIGA, J. e SALANOVA, A. (orgs.). Questões de educação escolar indígena: da formação do professor ao projeto de escola. Brasília: FUNAI/DEDOC. Campinas/ALB, 2001.

VERMES, G. e BOUTET, J. (orgs.). (1989). Multilingüismo. Tradução Celene M. Cruz (et al.). Campinas, Editora da Unicamp, 1989.

Downloads

Publicado

2018-09-19

Como Citar

Nincao, O. S. (2018). ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO EM LÍNGUA TERENA: ASPECTOS POLÍTICOS E PEDAGÓGICOS. REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E LINGUAGEM, 2(3). Recuperado de https://periodicosonline.uems.br/index.php/educacaoculturalinguagem/article/view/2976

Edição

Seção

Artigos