Educação do Campo na Universidade: realidades e desafios socioeducacionais dos camponeses

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DOI:

https://doi.org/10.26514/inter.v11i33.4522

Resumo

A temática da Licenciatura em Educação do Campo (Ledoc) aparece na universidade pública como uma política educacional historicamente reivindicada pelos movimentos sociais camponeses que advogam em favor da formação de educadores com habilidades específicas para atuarem nos vários contextos formativos do campo, considerando as realidades camponesas. Esse estudo, tem como objetivo apresentar algumas singularidades socioeducacionais dos discentes da Ledoc matriculados na Universidade Federal do Piauí (UFPI), Campus Professora Cinobelina Elvas (CPCE), mais especificamente os ingressos no interstício de 2014 a 2018 – visando problematizar as realidades socioculturais campesinas diante de um universo científico-acadêmico excludente e elitista, que ainda hegemoniza a centralidade da universidade. Com relação ao método da pesquisa e análise dos dados, foram utilizados uma abordagem qualiquantitativa, com pesquisa tipo participativa. Concluímos afirmando que o logo processo de negação do direto à educação aos camponeses pelo Estado coloca a necessidade de democratização da universidade por meio da constituição de uma cultura acadêmica que considere as especificidades socioculturais campesinas na superação das desigualdades educacionais, na redução do analfabetismo no campo e na ampliação da oferta no acesso ao ensino superior.

Biografia do Autor

Ozaias Antonio Batista, UFPI

Professor na Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal do Piauí (UFPI/CPCE). Doutor em Ciências Sociais (UFRN). Mestre e Licenciado em Ciências Sociais (UFRN). Pesquisador do Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Educação, Ciência Descolonial, Epistemologia e Sociedade (NEPEECDES) (UFPI) e Mythos-Logos: ciência, religião e imaginário (UFRN). Possui experiência como professor no ensino médio, superior e educação a distância nas disciplinas de Sociologia, Ciências Sociais e Educação. Tem interesse por trabalhos que envolvam as temáticas do Ensino de Sociologia, Ciências Sociais e Educação, Cultura e imaginário poético, bem como Complexidade & Educação.

Maria do Socorro Pereira da Silva, UFPI

Professora Adjunta da Universidade Federal do Piauí , Doutora em Educação (UFPI), Bacharela em Administração pela Faculdade Santo Agostinho (FSA), Especialização em Docência do Ensino Superior (FATEPI/FAESPI), Licenciatura em Pedagogia (INET), com Doutoramento Sanduíche no Centro de Estudos Sociais (CES) na Universidade de Coimbra (UC) em Portugal. Autora do Livro: Jovens e Juventudes - Identidade, Participação e Políticas Públicas - Um Olhar Juvenil - publicado em 2009. Bolsista da CAPES/MEC no Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Piauí e Bolsista da Fundação Estadual de Amparo à Pesquisa (FAPEPI) no Doutorado Sanduíche. Pesquisa Educação, Educação Popular. Epistemologia Transgressora. Ciência Descolonial. Universidade. Movimentos Sociais. Metodologias Participativas. Justiça Social. Pedagogia-Ação Transformação. Prática Educativa. Lutas Sociais. Globalização Colonial. Estado. Coordena o Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação, Ciência Descolonial, Epistemologia e Sociedade (NEPEECDES). Coordena a Especialização em Educação do Campo (UFPI - CPCE - 2019-2020). Coordena o Projeto de Extensão Universidade Popular (UFPI - CPCE - 2018 -2019). Integra o Fórum Estadual em Educação do Campo (FOPEC). Educadora Popular da Escola de Formação Quilombo dos Palmares (EQUIP).

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Publicado

24-12-2020

Como Citar

Batista, O. A., & Silva, M. do S. P. da. (2020). Educação do Campo na Universidade: realidades e desafios socioeducacionais dos camponeses. INTERFACES DA EDUCAÇÃO, 11(33), 617–637. https://doi.org/10.26514/inter.v11i33.4522