Crianças haitianas em escolas brasileiras: notas sobre inclusão e interculturalidade
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https://doi.org/10.26514/inter.v13i37.4857Palavras-chave:
Imigração, Haiti, Inclusão escolar, Educação InterculturalResumo
Em 2010 o Brasil recebeu um número expressivo de imigrantes haitianos devido ao terremoto que atingiu o país. Posteriormente, mais pessoas migraram pela situação política e socioeconômica do Haiti, que já era delicada e se agravou com o terremoto. A partir desse quadro de movimento migratório, o artigo tem como objetivo compreender, em uma perspectiva intercultural, como se deu a inclusão de crianças haitianas nas escolas públicas brasileiras. O referencial teórico se concentra nos trabalhos de Omote (2013) sobre o conceito de inclusão, e em Candau (2011; 2012) e Weissmann (2018) para discutir a relação de interculturalidade, educação e migração. A metodologia está pautada na pesquisa bibliográfica, com análise de oito artigos acadêmicos publicados entre 2015 a 2018. Os resultados apontam para uma inclusão rudimentar, pautada em erros e acertos das escolas. Embora, em alguns casos, as escolas recebem apoio de universidades locais, as políticas educacionais para imigrantes são incipientes, assim como atividades de formação docente e suporte a equipe escolar. Além disso, se verifica conflitos interculturais, com casos de intimidação, racismo, xenofobia, e bullying, tanto por parte de outros alunos como de professores.Referências
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