Educação estética em Abya Yala

inter-relações entre o pensamento freiriano e o Bem Viver

Visualizações: 106

Autores

DOI:

https://doi.org/10.61389/inter.v14i41.7509

Palavras-chave:

América Latina e Caribe, Artes Visuais, Estéticas Decoloniais, Humanização

Resumo

Este artigo parte da premissa da indissociabilidade entre razão e sensibilidade na formação estética dos/as educandos/as, de modo a sistematizar estudos que problematizam o legado ocidental hegemônico inscrito no campo epistêmico. A concepção “bancária” que configura a educação, tende a fazer com que a população estude de forma isolada arte e estética, dentro dos paradigmas do pensamento ocidental, deslegitimando os demais saberes emotivo-intelectuais produzidos no contexto de Abya Yala. Assim, neste artigo procura-se refletir sobre como a estética do ponto de vista dos povos originários da etnia Boe, Wayana, Potiguara e Yanomami, se inter-relacionam ao pensamento freiriano e aos estudos sobre Bem Viver, prática proposta nos novos constitucionalismos latino-americanos do Equador e Bolívia. Para isso, discute-se o campo da educação estética numa perspectiva libertadora e decolonial, ação que exige abertura a aprender com os saberes milenários dos povos originários e traçar caminhos para uma formação humana construída no horizonte do Bem Viver, da comunhão e da solidariedade dos existires. Como resultado, aponta-se para a importância de refletir sobre a existência de estéticas e artes no plural, na busca por criar alternativas epistêmicas dispostas a aprender com as cosmovisões indígenas.

Biografia do Autor

Marília Claudia Favreto Sinãni, Universidade Federal de Pelotas

Mestranda em Educação na UFPel - Universidade Federal de Pelotas. Possui graduação em Artes Visuais - Licenciatura pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Técnica em Administração pela ETEC Pedro Ferreira Alves. Atualmente, cursa Letras - Português e Espanhol na Universidade Federal de Rio Grande - FURG e é Bolsista CAPES no PPGE/UFPel. Tem experiência na área de Educação e Artes Visuais, atuando nos seguintes campos temáticos: ensino de artes visuais; emancipação sensível; educação estética e liberdade; criatividade; estudos culturais e a história da arte numa perspectiva descolonial.

Aline Accorssi, Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2000), mestrado em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2004) e doutorado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2011), com período de estágio sanduíche na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (Paris). Atualmente é vice diretora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas, professora do Curso de Pedagogia e do Programa de Pós Graduação em Educação. Líder do grupo de pesquisa CNPq "Mariposas: minorias sociais, resistências e práticas de transformação". Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Social, atuando principalmente nos seguintes temas: comunidade, pobreza e gênero. 

Referências

COLL, Liana; MENEZES, Adriana Vilar de. Situação dos Yanomami expõe abandono dos indígenas pelo Estado. UNICAMP, Campinas, 24 de janeiro de 2023. Disponível em: <https://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2023/01/24/situacao-dos-yanomami-expoe-abandono-dos-indigenas-pelo-estado>. Acesso em 18 fev. 2023.

DUSSEL, Enrique. Sete hipóteses para uma estética da libertação. Revista Filosofazer, Passo Fundo, n. 52, jul/dez, 2019. p. 3-39.

DUSSEL, Enrique. Oito ensaios sobre cultura latino-americana e libertação. São Paulo: Paulinas, 1997.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da tolerância. São Paulo: Paz e Terra, 2017.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013a.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança. São Paulo: Paz e Terra, 2013b.

FRIGGERI, Félix Pablo. Algunas claves del aporte de los intelectuales indígenas para pensar desde América Latina. Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas, vol. 11, N. 3, p. 19-49, 2017.

FRIGGERI, Felix Pablo. Biocentrismo ancestral: uma ecologia mais profunda. Le Monde Diplomatique Brasil. série Desafios da Integração, 03 de junho de 2022. Disponível em: https://diplomatique.org.br/biocentrismo-ancestral/>. Acesso em 20 jun. 2022.

FUNERAL Bororo. Bororo Museu Virtual UNB, 2021. Disponível em: < http://bororo.museuvirtual.unb.br/index.php/pt/>. Acesso em 28 jun. 2022.

GARCIA CANCLINI, Nestor. Entrada; e Das utopias ao mercado. In. GARCIA CANCLINI, Nestor. Culturas híbridas. São Paulo: Editora da USP, 2000.

GIROUX, Henry. Paulo Freire e a política de pós-colonialismo. In: MCLAREN, Peter; LEONARD, Peter; GADOTTI, Moacir (Orgs.). Paulo Freire: poder, desejo e memórias da libertação. Porto Alegre: Artmed, 1998. p. 191-202.

GÓMEZ, Pedro Pablo; MIGNOLO, Walter. Estéticas decoloniales. Bogotá: Universidad Distrital Francisco José de Caldas, 2012. 92p.

GRAÚNA, Graça. Dos saberes indígenas: o nosso papel também é fazer arte. Revista Literatura em Debate, v. 12, n. 22, p. 223-230, jan./jul., 2018. Disponível em: <http://revistas.fw.uri.br/index.php/literaturaemdebate/article/view/2936/2471>. Acesso em 25 jul. 2022.

GROSFOGUEL, Ramon. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistêmicos do longo do século XVI. Decolonialidade e Perspectiva Negra. Revista Sociedade e Estado. Volume 31. Número 1. Janeiro/Abril 2016, p. 25 a 50.

GUDYNAS, Eduardo. Buen Vivir: un necesario relanzamiento. Revista Yachaykuna, Equador, n. 13, p. 40-47, junio, 2010.

KOPENAWA, D. e ALBERT, B. A queda do céu. Palavras de um xama yanomami.

Trad. Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo, Cia das Letras, 2015.

LECCI, Alice Lino. Pagiwuguwo: tornemo-nos corpos! A formação corpórea no rito funeral Boe. In. DAMIÃO, Carla Milani e BRANDÃO, Caius (org.). Estéticas indígenas: III Colóquio de Estética da FAFIL/UFG. Goiânia: Gráfica UFG, 2019. Disponível em: <https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/688/o/Esteticas_Indigenas_-_ebook.pdf>. Acesso em 20 jun. 2022.

MACAS, Luis. El Sumak Kawsay. Revista Yachaykuna, Equador, n. 13, p. 13-39, junio, 2010.

OLIVEIRA, Rachel Cecília de. Aporias da pluralidade: como (...) sobre o que ainda não existe. In. DAMIÃO, Carla Milani e BRANDÃO, Caius (org.). Estéticas indígenas: III Colóquio de Estética da FAFIL/UFG. Goiânia: Gráfica UFG, 2019. Disponível em: <https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/688/o/Esteticas_Indigenas_-_ebook.pdf>. Acesso em 20 jun. 2022.

PALERMO, Zulma. El arte latinoamericano en la encrucijada descolonial. In: Palermo, Z. (Comp). Arte y estética en la encrucijada descolonial. Buenos Aires: Del Signo, 2009.

PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. Entre América e Abya Yala - tensões de territorialidades. Desenvolvimento e meio ambiente, Curitiba, PR, Editora UFPR, n. 20, p. 25-30, jul./dez. 2009. Disponível em: http://revistas.ufpr.br/made/article/view/16231 Acesso em 20 jun. 2022.

QUIJÁNO, Aníbal. “Bien Vivir” para redistribuir el poder: los pueblos indígenas y su propuesta alternativa en tiempos de dominación global. Revista Saberes Yachaykuna, Equador, p. 47-63, 2010.

REDIN, Marita Martins. Estética. In: STRECK, Danilo R.; REDIN, Euclides; ZITKOSKI, Jaime José (Orgs). Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. p. 193-195.

SANTOS, Boaventura de Sousa. O fim do império cognitivo: a afirmação das epistemologias do Sul. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.

SEVCENKO, Nicolau. Dragões, borboletas e brasis. Folha de S. Paulo. Caderno de Resenhas. 01 de maio de 1995. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/5/01/caderno_especial/9.html>. Acesso em 20 jun. 2022.

VELTHEM, Lucia Hussak van. “Evocar outras realidades”: considerações sobre as estéticas indígenas. In. DAMIÃO, Carla Milani e BRANDÃO, Caius (org.). Estéticas indígenas: III Colóquio de Estética da FAFIL/UFG. Goiânia: Gráfica UFG, 2019. Disponível em: <https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/688/o/Esteticas_Indigenas_-_ebook.pdf>. Acesso em 20 jun. 2022.

XAPIRI: Iniciativa e mobilização dos encontros de Xamãs. Direção: Leandro Lima e Gisela Motta, Laymert Garcia dos Santos e Stella Senra, Bruce Albert. Produção: Cinemateca Brasileira e Instituto Socioambiental. Brasil, 2012. (55:03) Disponível em: < https://vimeo.com/47012586>. Acesso em 20 jun. 2022.

Downloads

Publicado

11-01-2024

Como Citar

Favreto Sinãni, M. C., & Accorssi, A. (2024). Educação estética em Abya Yala: inter-relações entre o pensamento freiriano e o Bem Viver . INTERFACES DA EDUCAÇÃO, 14(41), 72–91. https://doi.org/10.61389/inter.v14i41.7509