Enquanto não brotam as flores vivas: crítica à pedagogia da inclusão
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Esta pesquisa propõe uma leitura crítica acerca da pedagogia da inclusão, hegemônica nas últimas décadas, a fim de compreender seus delineamentos político- ideológicos, partindo-se da base material capitalista que a sustenta, em fase de reorganização produtiva. Forjada no bojo das reformas neoliberais, empreendidas no final do século XX pelo capital em crise, com desdobramentos atuais, tal pedagogia vem sendo disseminada de forma ostensiva na educação brasileira, particularmente no caso da inclusão escolar de pessoas com deficiência. O ideário dessa pedagogia e sua configuração teórico-prática são perscrutados sob a ótica da Pedagogia Histórico-Crítica e outras proposições marxistas e marxianas. Para realizar o intento, recorre-se ao estudo das Declarações de Jomtien e Salamanca, dois documentos internacionais dos anos de 1990 que sustentam, ideologicamente, a proposta de inclusão escolar, bem como se procede à análise de reportagens publicadas na Revista Nova Escola entre os anos de 2001 e 2011, especificamente sobre a temática de inclusão escolar de pessoas com deficiência. Nova Escola, como a revista de educação mais lida pelos docentes da educação básica, constitui-se em uma fonte documental relevante, na medida em que registra, em suas páginas, as mudanças e permanências observadas nos discursos e práticas que têm norteado, no Brasil, a pedagogia inclusiva, conforme esta se materializa nas escolas, a partir das diretrizes oficiais. As análises situam a pedagogia da inclusão como uma justificativa ideológica para assegurar a manutenção da sociedade capitalista e excludente, reforçando-se a crença na escola redentora e idealizada, com o revigoramento de pressupostos escolanovistas, pautados no lema aprender a aprender e suas variações, como o aprender a viver juntos. Todavia, entende-se que a inclusão escolar de pessoas com deficiência pode desempenhar papel estratégico na agudização das contradições sociais e educacionais vivenciadas na atualidade, porquanto põe em perspectiva a necessidade de nova organização social e escolar, para além do capital, já que este não pode cumprir as promessas de inclusão proclamadas.Downloads
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