As representações sociais de professores indígenas Tembé sobre a sua cultura na educação escolar
Visualizações: 694DOI:
https://doi.org/10.26514/inter.v11i33.4913Palabras clave:
Representações sociais. Interculturalidade. Educação escolar indígena. Tembé-Tenetehar.Resumen
A compreensão das representações sociais de indígenas sobre a cultura e a educação é fundamental para a construção de uma educação intercultural. O presente artigo objetiva apresentar resultados de investigações acerca das representações sociais de professores indígenas Tembé da Aldeia São Pedro na Terra Indígena do Alto Rio Guamá sobre a sua cultura na educação escolar. A pesquisa é de caráter qualitativo com aporte teórico-metodológico na Teoria das Representações Sociais. O instrumento de coleta de dados foi a entrevista narrativa em profundidade e a seleção dos sujeitos obedeceu a critérios previamente definidos. O tratamento e a análise dos dados se deu a partir de agrupamentos por unidades de sentidos e elaboração de temáticas de análise para destacar as objetivações e ancoragens componentes das representações sociais desses professores. Dentre os resultados destacamos que: as representações sociais de professores Tembé sobre sua cultura na educação escolar se ancoram na compreensão de que, na educação escolar não há lugar para a sua cultura, há uma hierarquia que silencia saberes e práticas ancestrais. De maneira paradoxal, esta mesma educação escolar lhes tem possibilitado perspectivas interculturais, resgate e revigor de sua ancestralidade silenciados pela colonização e pelo contato histórico com outras populações.
Citas
ARROYO, M. G. Outros sujeitos, outras pedagogias. Petrópolis – RJ: Vozes, 2014.
BRASIL. Plano de gestão territorial e ambiental da Terra Indígena do Alto Rio Guamá: povo Tembé Tenetehar da terra indígena Alto Rio Guamá. Brasília: ECAM, 2018.
BRAUN, V.; CLARKE, V. Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3 (2). (Tradução Luiz Fernando Mackedanz). 2006. p. 77-101.
CANDAU, V. M. Multiculturalismo e educação: desafios para a prática pedagógica. In: MOREIRA, A. F.; CANDAU, V. M. (Org.). Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas pedagógicas. 10ed. Petrópolis: Vozes. 2013. p. 13-37.
COSTA, M. V. Poder, discurso e política cultural: contribuições dos Estudos culturais ao campo do currículo. In. LOPES, A. C.; MACEDO, E. (org.) Currículo: debates contemporâneos. São Paulo: Cortez. 2002. p. 133-147.
EMÍDIO-SILVA, C. Xene Ma’e Imopinimawa: a experiência educativa do Programa Parakanã e suas contribuições para a afirmação da cultura, do território e da língua Parakanã. 2017, 344f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-graduação em Educação. Belém: Universidade Federal do Pará, 2017.
FLEURI, R. M. Intercultura e educação. Educação, Sociedade & Culturas, nº 23. Porto: Portugal, 2005. p. 91-124.
FORQUIN, J-C. Escola e Cultura: as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
FREITAS, W. de F. Decoração corporal e educação nos rituais de puberdade Tembé. 2014, 130f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) - Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia. Belém: Universidade Federal do Pará, 2014.
JAPIASSU, H. Introdução ao Pensamento Epistemológico. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1986.
JODELET, Denise. As representações sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001.
JOVCHELOVITCH, S. Os contextos do saber: representações, comunidade e cultura. Petrópolis - RJ: Vozes, 2011.
JOVCHELOVITCH, S. Psicologia social, saber, comunidade e cultura. Psicologia e Sociedade; v.16, n. 2, p. 20-31; maio/ago 2004.
KAMIRAN TEMBÉ. Entrevista. Aldeia São Pedro / TIARG (Pará), 14 jun. 2019.
LIBÂNEO, J. C. Didática e Prática de Ensino: diálogos sobre a Escola, a Formação de Professores e a Sociedade. Fortaleza: EdUECE, 2007.
LUCIANO-BANIWA, G. J. S. O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Coleção Educação para todos. Brasília: MEC/Secad; LACED/Museu Nacional, 2006.
MARITÓ TEMBÉ. Entrevista. Aldeia São Pedro / TIARG (Pará), 13 jun. 2019.
MAZZOTTI, A. J. A. A abordagem estrutural das representações sociais. Rev. Psicologia da Educação 14/15. 1º e 2º sem. São Paulo, 2002. p. 17-37.
MOSCOVICI, S. A representação social da psicanálise. Tradução de Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
MOSCOVICI, S. Representações sociais: investigações em psicologia social. Rio de Janeiro: Vozes, 2015.
MUNDURUKU, D. Sobre piolhos e outros afagos: conversas ao pé da fogueira sobre o ato de educar(se). Palavra de índio. São Paulo: Callis, 2005.
MUYLAERT, C. J.; SARUBBI JR., V.; GALLO, P. R.; ROLIM NETO, M. L.; REIS, A. O. A. Entrevistas narrativas: um importante recurso em pesquisa qualitativa. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, n. 48, n. 2, p. 193-199. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v48nspe2/pt_0080-6234-reeusp-48-nspe2-00184.pdf. Acesso em: 10 ago. 2018.
NASCIMENTO, A. C.; URQUIZA, A. H. A. Currículo, diferenças e identidades: tendências da escola indígena guarani e kaiowá. Currículo sem Fronteiras, v.10, n.1, p.113-132, Jan/Jun 2010. Disponível em: http://www.curriculosemfronteiras.org/vol10iss1articles/nascimentourquiza.pdf.
NIMUENDAJU, C. Mapa etno-histórico de Curt Nimuendajú. Rio de Janeiro:
Fundação IBGE/ Fundação Nacional Pró-Memória, 1982.
OLIVEIRA, I. A. Paulo Freire: gênese da educação intercultural no Brasil. Curitiba: CRV, 2015.
SANTOS, B. S. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. São Paulo: Cortez, 1997.
SIMONE TEMBÉ. Entrevista. Aldeia São Pedro / TIARG (Pará), 12 jun. 2019.
SINEI TEMBÉ. Entrevista. Aldeia São Pedro / TIARG (Pará), 12 jun. 2019.
WALSH, C. Propuesta para el tratamiento de la interculturalidad en la educación. Ministerio de Educacion. Dirección Nacional de Educación Inicial y Primaria. Lima – Peru: Unidad de Educación Bilingüe Intercultural – UNEBI, 2000.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado simultaneamente sob uma Licença Creative Commons Attribution após a publicação, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista;
b. autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista;
c. autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.