PRÁTICAS LINGUÍSTICAS DE ACADÊMICOS TERENA DO CAMPUS DE AQUIDAUANA/UFMS
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O objetivo deste projeto foi investigar de que forma a política linguística dos Terena, histórica, social e culturalmente determinada, de aprendizagem da língua portuguesa é constitutiva do acesso à universidade pelos acadêmicos Terena do campus de Aquidauana da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, considerando que tal política linguística se constitui em uma estratégia para o acesso dos Terena aos aparelhos oficiais da sociedade brasileira. Assim, o aprendizado do Português faz parte de “uma política deliberada e consciente da comunidade, e não decorrência aleatória de interferências externas” (LADEIRA: op. cit.:130). Nesse sentido, conforme discute Maher (1998), podem ser índios em Português. A metodologia de cunho etnográfico constou de aplicação de questionários com 50 acadêmicos Terena de diversos cursos no campus de Aquidauana cujos dados foram analisados com base em literatura específica. Os resultados mostraram que, consoante a política linguística do povo Terena, a maioria dos acadêmicos se declara bilíngue, com exceção dos provenientes de aldeias que não são mais falantes da língua indígena e “lograram” tornarem se monolíngues em Português. Porém, a nova política nacional de educação escolar indígena foi um contraponto para a política linguística desse povo, criando uma demanda pelo ensino da língua Terena na escola de forma complementar ao ensino já consagrado da língua portuguesa. Essa demanda se expressa agora nessa geração que se declara bilíngue, tendo aprendido a língua Terena na escola e não somente em casa. Nesse sentido, a política linguística Terena é constitutiva do acesso dos acadêmicos.
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