VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E LIVRO DIDÁTICO: LACUNAS ENTRE O REAL E O "IDEAL"
LINGUISTIC VARIATION AND TEACHING BOOK: GAPS BETWEEN THE REAL AND THE "IDEAL"
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Ensino; Livro didático; Variação linguísticaResumen
Sabendo que a sala de aula é um dos locais onde mais ocorrem situações de confronto entre a variação linguística e a variedade padrão e onde o preconceito linguístico se faz presente, torna-se fundamental identificar os modos pelos quais os livros didáticos abordam o tema da variação e mudança linguística, pois o manual didático é o principal meio de ensino usado pelos professores. Com isso, buscando identificar se há relação entre variação linguística e ensino de variedade padrão, surge também, a necessidade de verificar qual é o papel e como o livro didático pode auxiliar no processo de ensino e aprendizagem da língua em uso, nas diferentes situações de interação. Neste artigo discutimos tais questões a partir da análise de dois livros didáticos, um para o Ensino Fundamental que foi distribuído nas escolas nos anos de 2008, 2009 e 2010, doravante LD1 e outro para o Ensino Médio aprovado para os anos de 2018, 2019 e 2020, que chamaremos de LD2. Também buscamos um recorte temporal de 10 anos de intervalo entre um LD e outro para analisar se houve mudanças nas abordagens da variação linguística. Optamos por uma abordagem qualitativa, privilegiando assim, uma análise documental à luz de autores que trabalham com a variação linguística. A partir de tais análises, verificamos que tanto o LD1 quanto o LD2 abordam a temática de modo superficial, sem tratar de todos os conceitos que envolvem a variação linguística e trazendo exercícios que corrigem as expressões que se distanciam do “padrão” estabelecido pela gramática normativa. Há também a comparação entre o padrão e as variedades deixando subentendido que há um ideal da língua a ser seguido e fazendo, assim, com que o livro didático funcione mais como um roteiro de estudo que não contribui para que seja trabalhado, de forma efetiva, o ensino da linguagem. Além disso, apesar de um livro ser mais atual que o outro, há poucas diferenças em relação à abordagem da variação linguística o que evidencia a necessidade de haver, nos livros didáticos, estudos mais aprofundados sobre o tema e, principalmente, uma abordagem da linguagem em seus contextos reais de uso.
ABSTRACT: Knowing that the classroom is one of the places where confrontation situations between linguistic variation and the standard variety occur most and where linguistic prejudice is present, it is essential to identify the ways in which textbooks address the theme of variation and linguistic change, as the textbook is the main teaching medium used by teachers. With this, trying to identify if there is a relationship between linguistic variation and teaching of standard variety, there is also the need to verify what is the role and how the textbook can help in the process of teaching and learning the language in use, in different situations of interaction. In this article we discuss such issues from the analysis of two textbooks, one for elementary school that was distributed in schools in the years 2008, 2009 and 2010, henceforth LD1 and the other for high school approved for the years 2018, 2019 and 2020, which we will call LD2. We also look for a 10-year time span between one LD and another to analyze whether there have been changes in approaches to linguistic variation. We opted for a qualitative approach, thus favoring a documentary analysis in the light of authors who work with linguistic variation. From such analyzes, we found that both LD1 and LD2 approach the topic superficially, without addressing all the concepts that involve linguistic variation and bringing exercises that correct expressions that distance themselves from the “standard” established by the normative grammar . There is also the comparison between the standard and the varieties, implying that there is an ideal of the language to be followed and, thus, making the textbook work more like a study guide that does not contribute to it being worked, effectively, language teaching. In addition, although one book is more current than the other, there are few differences in relation to the approach to linguistic variation, which highlights the need for more detailed studies on the subject in textbooks and, mainly, an approach to language in their actual contexts of use
KEYWORDS: Teaching; Textbook; Linguistic variation
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